A caxumba ou parotidite é uma doença infecciosa de origem viral, transmitida de forma respiratória. Trata-se de uma enfermidade de forte contágio, bastando o contato com algumas gotículas de saliva (expelidas durante as conversas, espirros e acessos de tosse) de uma pessoa infectada para contrair o mal, cuja principal característica é a inflamação de uma ou ambas as glândulas parótidas – as maiores glândulas salivares pares, responsáveis por 25% da produção total de saliva.
Alguns remédios naturais são bastante eficazes para atenuar os sintomas da caxumba, que se manifestam agudos durante três a sete dias, prolongando-se por uma semana ou dez dias de maneira atenuada (um pouco mais entre os adultos, um pouco menos entre as crianças):
• inchaço doloroso não supurativo (sem a presença de pus) das parótidas e de outras glândulas situadas na garganta;
• febre de 38°C ou mais;
• dor de cabeça;
• dores musculares e nas articulações;
• dor e incômodo na mandíbula ao falar ou mastigar;
• perda de apetite;
• fraqueza geral
• náuseas e vômitos.
A partir da puberdade, 30% dos pacientes relatam dores dos testículos; um número menos expressivo – 5% – relatam dores nos ovários. A caxumba é classificada como uma doença infantil e, na maioria dos casos, evolui positivamente. Adolescentes e adultos, no entanto, podem sofrer com complicações desta enfermidade.
O tratamento deve ser seguido à risca, uma vez que a caxumba negligenciada pode provocar, com a migração dos vírus, males bastante graves, até mesmo fatais, inclusive com a possibilidade de ocorrência de sepse:
• meningoencefalite – processo inflamatório que envolve o cérebro e as meninges. Os micro-organismos patogênicos invadem o sistema nervoso central e podem provocar sequelas. O tratamento é feito a base de antivirais;
• orquiepididimite – outro processo inflamatório, deflagrado pela invasão viral nos testículos (orquite) e no epidídimo, duto que coleta e armazena os espermatozoides. Ocorre a dilatação do saco escrotal, seguida de dor, vermelhidão e febre local. Esta doença pode determinar a esterilidade do paciente.
Outras complicações da caxumba incluem: problemas nos ovários, pancreatite, meningite asséptica e, com menos frequência, atrofia dos testículos, infecção no cérebro, infecção na tireoide, infecção nos rins e problemas cardíacos.
Remédios naturais para tratamento da caxumba
Todo tratamento de caxumba – tradicional ou alternativo – tem como foco atenuar os sintomas mais dolorosos e limitantes. Nos casos mais graves, é fundamental estar atento aos sinais secundários, que podem gerar sequelas e até mesmo a morte do paciente.
A caxumba é considerada uma doença infantil e, até os 12 anos (ou a chegada da puberdade), apresenta evolução benigna, apesar de lenta: em alguns casos, os pacientes convivem com os sinais por até duas semanas. Uma providência importante é garantir o isolamento do doente, para reduzir as probabilidades de transmissão.
Não existe tratamento específico contra a caxumba. Uma vez que o vírus se instale no organismo, é necessário esperar que a natureza siga o seu curso: o sistema imunológico precisa identificar os micro-organismos e preparar os mecanismos de defesa. Depois disto, os pacientes ficam naturalmente imunizados contra a doença.
A melhor forma de combate é a prevenção. A vacina tríplice viral imuniza as crianças e adultos contra caxumba, rubéola e sarampo. A vacina é produzida com vírus atenuados incubados em proteínas do ovo de galinha. Mesmo as pessoas alérgicas ao ovo podem receber a vacina, sem correr riscos de reações alérgicas graves.
As contraindicações são reservadas as grávidas, lactantes e pessoas com histórico de anafilaxia após aplicação de dose anterior ou com problemas de imunidade em função de doenças, medicações específicas, cirurgias, etc.
A vacina deve ser aplicada em duas doses, aos 12 e entre 15 e 24 meses de idade, de acordo com o calendário nacional de vacinas. Pessoas de outras faixas etárias devem receber as doses observando-se um intervalo de 30 a 60 dias entre elas.
A vacinação é importante também porque um terço dos infectados são portadores assintomáticos do vírus da caxumba: não desenvolvem os sinais característicos, mas nem por isto deixam de partilhar os micro-organismos nocivos com pessoas não imunizadas. Em alguns casos, não mostram o inchaço característico na garganta, e os doentes podem se confundir, acreditando estar acometidos por uma gripe ou resfriado forte.
Combatendo os sintomas da caxumba
• Para aliviar o inchaço e a dor de garganta, prepare uma pasta consistente com três colheres (sopa) de gengibre em pó misturadas com água e aplique entre as regiões inferiores das orelhas, Deixe agir por alguns minutos e enxágue com água orna. A raiz é termogênica e, por isto, elevará a temperatura dos músculos que recobrem as parótidas, proporcionando alívio com o aumento do fluxo sanguíneo nas áreas afetadas.
• A inflamação cederá mais rapidamente com a aplicação de uma pasta de cinco folhas de margosa (Azadirachta indica, encontrada em lojas de ervas medicinais ou produtos naturais) maceradas com açafrão-da-terra (cúrcuma) em pó. Outra opção é macerar cinco folhas de figueira-sagrada com algumas gotas de azeite levemente aquecido. Aplique antes de dormir e deixe agir por 15 minutos.
• Para aliviar as dores em geral, corte uma folha de babosa (Aloe vera) no sentido longitudinal, recolha a seiva (em temperatura ambiente, ela se apresenta em forma de gel) e massageie as regiões sensíveis por vários minutos. O ideal é realizar a massagem antes do banho, mas ela pode ser repetida nos períodos mais críticos, retirando-se o excesso com papel absorvente.
• Separe quatro copos (cerca de um litro) de água de arroz cozido e beba algumas colheradas ao longo do dia, misturadas com uma colher (chá) de gengibre ou de alho em pó. A infusão ameniza as dores e reduz a temperatura corporal. Uma alternativa de preparo mais rápido, mas menos palatável, é comer diariamente, durante todo o período agudo da caxumba, um dente de alho esmagado.
• Alimentos e sucos ácidos (como as frutas cítricas) estimulam a produção de saliva – e isto quase sempre é muito doloroso para quem está com caxumba. Para manter a hidratação, opte por sucos de cenoura, espinafre ou couve-manteiga.
• Adolescentes e homens com inflamação nos testículos devem manter repouso no leito (condição recomendada para os portadores de viroses em geral). Para reduzir as dores, podem ser colocadas bolinhas de algodão entre o escroto e a parte interna das coxas. Compressas alternadas com bolsas de água quente e fria aliviam as dores na região, que é naturalmente sensível.
Medicamentos para tratamento da caxumba
Alguns medicamentos de venda livre, como os anti-inflamatórios não esteroides, podem ser bastante úteis. Eles combatem a febre, ao mesmo tempo em atenuam as dores e controlam as inflamações. A dieta deve ser feita com líquidos e alimentos moles (como macarronada) ou pastosos (como sopas, mingaus e ensopados). A oferta de líquidos deve ocorrer durante o dia inteiro, para garantir a hidratação e fortalecer o sistema imunológico.
Evite medicar os menores de 18 anos com caxumba (ou qualquer outra infecção viral) com remédios cujo princípio ativo é o ácido acetilsalicílico (AAS), como Aspirina, Cibalena, Melhoral, Coristina, entre outros. Eles podem facilitar o desenvolvimento da síndrome de Reye, uma doença grave, de rápida evolução, que pode ser fatal. O distúrbio afeta o funcionamento do fígado e do coração.
Não se esqueça: se os sintomas persistirem ou se apresentarem mais críticos, consulte um médico e siga criteriosamente as orientações.
Durante o tratamento, mantenha o doente isolado, para evitar a propagação da caxumba, que, apesar de ser mais comum no inverno, pode ser transmitida durante todo o ano.
Os surtos da caxumba são bastante irregulares. Um exemplo é o Rio Grande do Sul; em 2015, o Município de Rio Grande registrou apenas dois casos da doença. No ano seguinte, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foram 320 casos. Por isto, é preciso estar sempre atento.