O Taraxacum officinale é a espécie mais disseminada do dente-de-leão, identificável pelas folhas dentadas e as flores amarelas (é considerado como uma planta invasora de jardins e hortas), também conhecido como amargosa, chicória-amarga, alface-de-cão, salada-de-toupeira e amor-de-homem.
Ela é muito conhecida: este matinho nasce espontaneamente nas regiões subtropicais e temperadas (no Brasil, abaixo do trópico de Capricórnio, que cruza o Município de São Paulo) e gera uma flor amarela que, quando é desfolhada, produz dezenas de esporos brancos, muito soprados por crianças em passeios por parques e praças. Mas, além de agradar os pequenos, esta flor guarda outros segredos.
A receita
O chá de dente-de-leão é bastante fácil de fazer. Basta ferver 150 ml de água e acrescentar uma ou duas colheres (chá) de pétalas, das folhas ou das raízes da flor. Abafe e deixe descansar por dez minutos. A bebida é amarga, mas pode ser adoçada com mel ou açúcar mascavo.
A recomendação de nutricionistas é consumir três xícaras da infusão a cada dia. A planta também pode ser consumida crua (em saladas) ou cozida. Torrada e moída, ela é uma alternativa para o consumo de café, especialmente porque não contém cafeína, nem outros estimulantes.
O excesso no consumo do dente-de-leão pode provocar azia e diarreia (vale lembrar que a planta estimula a produção de saliva, bílis e dos sucos gástricos, hepáticos, pancreáticos e intestinais). Não consuma as flores que crescem nos gramados, que podem estar contaminados (inclusive com dejetos animais). Compre a flor em lojas de ervas ou de produtos naturais.
Os nutrientes do dente-de-leão
O dente-de-leão é bom para o trato gastrointestinal, para os olhos e para a pele, tem ação diurética, é antioxidante e também desintoxica o fígado.
A flor é rica em vitamina A (e, por isto, excelente para o crescimento, os olhos e a pele), do complexo B (como a B1 [tiamina], a B2 [riboflavina] e a B6 [piridoxina], essenciais para o sistema nervoso, para a produção de hemácias, para a síntese do ácido nucleico e das proteínas), C (fortalece o sistema imunológico), E (antioxidante) e K (regula a cicatrização e exerce papel fundamental na saúde dos ossos e cartilagens).
A vitamina B8 (colina), geralmente é encontrada nas gorduras, mas está presente no dente-de-leão. Ela protege o coração, o cérebro e os demais músculos. Ela é responsável pela produção do neurotransmissor acetilcolina, que regula a memória, a cognição e participa do controle da frequência cardíaca, da respiração e da atividade dos músculos. Outra função importante é formar a esfingomielina, uma capa dos nervos humanos e de outros mamíferos.
Os segredos do dente-de-leão não param aí. A planta fornece potássio, mineral importante para a contração muscular (inclusive a frequência cardíaca), produção de energia e síntese de ácidos nucleicos e de proteínas. O zinco apresenta ação antioxidante, auxilia na digestão das proteínas e melhora o desempenho sexual (especialmente o masculino). O cálcio colabora com a manutenção da saúde de dentes e ossos e o ferro previne a anemia e fortalece o coração.
Benefícios em estudo
Dezenas de espécies do gênero Taraxacum têm sido utilizadas como diuréticas pela medicina tradicional chinesa e pela Ayurveda há milhares de anos. Diversos manuais seculares descrevem a utilização com disfunções renais e urinárias.
O dente-de-leão aumenta a eliminação de líquidos e oferece um benefício extra: a perda de potássio na urina é sensivelmente menor do que a provocada pela maioria dos diuréticos alopáticos. O matinho também é útil no combate a constipações e flatulência (excesso de gases).
O Taraxacum mongolicum (o dente-de-leão da China) é citado como protetor do fígado, em função da presença de taxacina, um estimulante hepático. Neste país do Oriente, a flor é utilizada para tratar apendicites sem necessidade de extração do órgão.
O dente-de-leão é uma boa fonte de vitamina A e carotenoides (pigmentos presentes nos vegetais e em alguns fungos de cor vermelha, laranja e amarela), tornando-se, desta forma, essenciais para manter a integridade das células da pele e das mucosas.
Os principais carotenoides do dente-de-leão criptoxantina e zeaxantina, com propriedades terapêuticas específicas. A primeira aparentemente protege contra tumores malignos na boca, laringe, tranqueia. pulmões e brônquios, enquanto a zeaxantina protege as retinas contra os danos dos raios ultravioleta do Sol.
Ainda não existem estudos conclusivos, mas estes dois nutrientes parecem proteger contra alguns tipos de câncer e de doenças arteriais coronarianas (estudos da Universidade de Windsor, Canadá, indicam que a planta é eficaz na cura e prevenção das neoplasias dos sistemas respiratório e digestório, do pâncreas e da leucemia (um tipo de câncer no sangue), sem causar os conhecidos efeitos colaterais que a quimioterapia e a imunoterapia exercem sobre os glóbulos brancos). Os cientistas já sabem que eles são antioxidantes e estimulam o funcionamento do sistema imunológico.
A equipe de Windsor já descobriu o mecanismo de funcionamento do extrato do dente-de-leão. Os princípios ativos da planta atuam na apoptose (o suicídio das células, quando elas deixam de ser funcionais). O vegetal ataca as células cancerosas, deixando as saudáveis intactas.
A planta apresenta a propriedade de eliminar toxinas do sangue, tornando-se um excelente aliado para desobstruir as vias biliares. O suco biliar (bílis) é um fluido alcalino produzido pelo fígado e armazenado na vesícula (no lado superior direito do abdômen).
A bílis é responsável por digerir e absorver as gorduras e eliminar alguns produtos da corrente sanguínea, como a bilirrubina, uma substância encontrada no próprio suco, que dá a cor amarela à urina. A ação antioxidante do dente-de-leão pode ser bastante benéfica para o fígado, desde que a flor não seja utilizada em excesso.