Todos nós já sabemos que o açúcar é um perigo para prevenir, controlar e reduzir o peso corporal – o alimento é um dos principais vilões dos regimes de emagrecimento. Os perigos do açúcar, no entanto, vão muito além das questões estéticas.
O consumo de açúcar é prejudicial à saúde principalmente por contribuir com o aumento da gordura localizada, especialmente na região do abdômen. Existem dois tipos de gordura: a subcutânea, que fica à frente dos músculos abdominais, e a visceral, localizada entre as alças intestinais e em órgãos como o fígado.
Entre 1980 e 2010, de acordo com levantamento da Universidade da Califórnia, houve um aumento de mais de 50% dos casos de diabetes. A Organização Mundial da Saúde estima que 360 milhões de habitantes do planeta (5% da população mundial) sejam diabéticos. O percentual pode estar subestimado, já que muitos casos nem chegam a ser subestimados.
Os riscos do açucar
Muitas pessoas engordam, mesmo reduzindo porções e adotando os famosos lanches da manhã e da tarde para diminuir o apetite. Em geral, adotam dietas rígidas e restritivas, mas não conseguem obter os resultados esperados.
A principal razão para este fato é a ingestão exagerada de açúcar inibe a produção de leptina, um hormônio que informa ao organismo sobre a saciedade. É por isto que, mesmo comendo menos (e com menos gordura nos pratos), muitas pessoas simplesmente não conseguem emagrecer. A leptina também é reduzida pelo fumo, por jejuns prolongados e pela exposição ao frio intenso.
A gordura abdominal é responsável por muitas doenças, como o diabetes, por exemplo (que mata cerca de 1,5 milhão de pessoas por ano em todo o mundo. A maioria dos óbitos ocorre nas regiões mais pobres do mundo, que não dispõem de médicos, medicamentos e equipamentos de saúde).
Os motivos das enfermidades são simples. Ao provocar a elevação dos níveis de triglicérides e do mau colesterol (LDL) e a redução do bom colesterol (HDL), o consumo do açúcar é uma bomba de médio prazo: o açúcar aumenta a resistência à ação da insulina, o que provoca a elevação dos índices glicêmicos – o diabetes.
Os mesmos efeitos da ingestão em excesso do “doce deleite” são responsáveis pelo aumento dos níveis de gordura hepática, que ocorre quando o açúcar consegue se acumular no órgão e gradualmente inibir as suas atividades.
Isto prejudica a formação de vários hormônios, vitaminas e outras substâncias que metabolizam as gorduras. Em excesso, um dos perigos do açúcar é a esteatose não alcoólica (a popular “gordura no fígado”), que pode levar a uma cirrose e mesmo a um câncer no órgão.
Sem a metabolização adequada das gorduras, parte delas “escapa” para a corrente sanguínea, aumentando a viscosidade do sangue. Isto promove a formação de placas e o consequente espessamento das paredes das artérias. Quando estas placas se desprendem, formam coágulos ou trombos que circulam por todo o sistema sanguíneo, provocando tromboses, acidentes vasculares cerebrais (quando se depositam no sistema nervoso central) e infartos do miocárdio (quando “estacionam” no músculo cardíaco).
Algumas providências
Desde os anos 1990, especialistas em saúde, como médicos e nutricionistas, vêm desenvolvendo guerras abertas contra o consumo de gorduras e também contra o tabagismo, substâncias comprovadamente nocivas à saúde e, no caso do cigarro & Cia. (charutos, cachimbos e cigarrilhas), prejudicial também ao meio ambiente: o tempo de decomposição de uma bituca de cigarro é de cinco anos.
Alguns especialistas começam a defender que sejam aplicadas restrições à comercialização e consumo do açúcar. A conscientização da população sobe a ingestão de gorduras ainda não é ideal, mas já conquistou certa visibilidade.
As medidas para reduzir o açúcar na produção dos alimentos, no entanto, esbarra nas pressões das indústrias e federações industriais. Os empresários sabem que o consumo dos produtos experimentará forte redução – prejuízo certo. Portanto, quem pode combater os perigos do açúcar são os próprios consumidores.
Na contramão da história, sem recorrer à reeducação alimentar, muitas pessoas aderiram a outra “muleta” psicológica: o açúcar. Os perigos para a saúde. desta forma, continuaram. Aliás, foram ampliados. Nos anos 1990, todas as gorduras foram condenadas ao ostracismo. Por outro lado, o consumo de açúcar representa quase 20% da ingestão diária de alimentos.
Mas existem gorduras do bem, moléculas de carboidratos mais complexas, que exigem mais trabalho do sistema digestório, uma digestão mais lenta e, consequentemente, o prolongamento da sensação da saciedade: a fome “bate” bem mais tarde.
As gorduras insaturadas estão presentes em diversos alimentos. As monoinsaturadas podem ser encontradas em castanhas, abacate e azeite, por exemplo. As poli-insaturadas estão presentes nos óleos vegetais (que preferencialmente não devem ser submetidos a altas temperaturas, por causa da oxidação), e nos peixes de águas frias (atum, sardinha e salmão, por exemplo). Estes peixes devem ser consumidos com moderação por quem tem problemas de excesso de ácido úrico.
As principais fontes das gorduras saturadas, também benéficas à saúde, são os alimentos de origem animal, como carnes, ovos, leite e derivados. A única gordura a ser evitada é a trans, mas a indústria alimentícia e as autoridades de saúde têm se esforçado em eliminá-la dos produtos industrializados.
Alguns açúcares não são prejudiciais à saúde. além dos presentes nas frutas e laticínios, é possível substituir o açúcar refinado (branco, o mais comum nos supermercados e mercadinhos) por açúcar mascavo ou demerara, pelo mel, alguns adoçantes ou pela stévia, que já pode ser encontrada em forma de pó branco e não altera o gosto dos alimentos.
Os rótulos
De acordo com a legislação brasileira, todos os produtos industrializados precisam apresentar, na embalagem, a informação nutricional, com a composição de todas as substâncias constantes nos itens: total de carboidratos, gorduras, proteínas, fibras, sódio, etc.
Algumas empresas, porém, incluem o açúcar juntamente com os carboidratos, mascarando a quantidade, mas mantendo os perigos. E o açúcar não entra na formulação apenas de alimentos doces. É necessário ler atentamente os rótulos, para não exagerar na ingestão.