A fruta é ingrediente de pratos doces e salgados – e em alguns tratamentos populares: o abacate e o chá de folhas do abacateiro combate dores reumáticas e de gota, apresenta propriedades diuréticas e carminativas que (reduzem os gases da digestão – os puns), auxilia na eliminação de cálculos renais e no alívio de diarreias.
Trata-se de uma exceção no mundo vegetal: enquanto a maioria das frutas é composta por carboidratos complexos (de digestão lenta, até que se tornem energia em nosso organismo), o abacate é rico principalmente em gorduras saudáveis.
Mas, gorduras são saudáveis? Certamente. As gorduras trans (proibidas no Brasil) são um veneno. As saturadas (cujas principais fontes têm origem animal) são necessárias, mas, consumidas em excesso favorecem o surgimento de doenças vasculares.
No entanto, as gorduras insaturadas auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico e previnem contra doenças degenerativas. As gorduras são um depósito de energia (para épocas de escassez – e isto ocorre inclusive quando pulamos uma refeição), um escudo protetor contra traumas da região abdominal (da entrada do estômago ao ânus) e um isolante térmico. Traduzindo: a gordura não é um inimigo, mas deve ser “ingerida com moderação”.
Os benefícios do abacate
O abacate verde ou roxo é rico em gorduras saturadas (as mesmas presentes nas carnes gordas) e insaturadas; portanto, o consumo precisa ser limitado a 100 gramas diários (equivalente a 175 calorias), para pessoas sem problemas de sobrepeso.
Por outro lado, a fruta, nativa da América (do México até o sul do Brasil) é abundante em vitaminas A, B, C, E e K e minerais: cálcio, ferro, potássio, sódio, manganês, fósforo, zinco e, por ser muito oleosa, fornece boas quantidades de ômega 9. O termo asteca awakatl significa “testículo”, uma alusão aos supostos benefícios afrodisíacos do abacate.
Verdade ou mito, o certo é que o abacate é útil para prevenir o câncer de próstata – e também combate tumores de mama, de boca e de cólon e reto (as porções finais do intestino). Ainda são necessários estudos mais abrangentes, mas vários dados médicos confirmam a eficácia – o abacate, inclusive, tem a capacidade de preservar as células saudáveis adjacentes às neoplasias.
A fruta comprovadamente tem efeitos oxidativos e é fonte de luteína e carotenoides; estes nutrientes, combinados com a gordura monoinsaturada presente no abacate, inibem a formação e desenvolvimento de tumores malignos .
Em cem gramas de polpa, um abacate contém (no valor recomendado, entre 100 gramas; para obter as vantagens, o consumo não pode ser inferior a duas colheres de sopa):
- 26% de vitamina A;
- 20% de ácido fólico;
- 17% da vitamina C;
- 14% de potássio;
- 14% de vitamina B5;
- 13% de vitamina B6;
- 10% de vitamina E.
Visão de águia
Também em função da luteína e dos carotenoides, o abacate é benéfico para a visão. Os dois componentes da fruta protegem contra a degeneração da mácula (uma região da retina responsável pela visão de detalhes), que afeta a visualização central de objetos.
O abacate também ajuda a prevenir a catarata, que deixa a visão opaca e pode levar à cegueira. O benefício é resultante da vitamina A, abundante na fruta, que inclusive é um componente importante para a redução dos radicais livres – átomos ou grupos de átomos que apresentam elétrons desemparelhados, responsáveis pelo envelhecimento precoce, em função do alto poder oxidante.
Melhorando a nutrição
Consumir abacate (fresco e cozido com molho de tomate ou cenoura crua) eleva substancialmente a absorção de alfa e betacarotenos (alimentos vermelhos, laranja e amarelos, que são antioxidantes, previnem contra diversos carcinomas e também contra várias complicações cardíacas).
Estudos na Universidade Harvard (Massachusetts, EUA) que a combinação com o abacate aumenta em até cinco vezes a absorção dos nutrientes, especialmente os carotenoides e a vitamina A. A pesquisa acompanhou voluntários durante 14 anos e obteve os mesmos resultados, independente de estilo de vida, características de vida ou histórico de saúde familiar.
Penso, logo existo
A famosa frase de René Descartes é defendida pelo abacate. Os altos índices de folato. A carência deste ácido torna as hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) muito grandes e menos eficientes para o transporte de oxigênio para as células.
O ácido fólico (folato) ajuda a retardar o declínio cognitivo do envelhecimento. A substância, inclusive, ajuda a prevenir defeitos congênitos. Entretanto, ainda não há comprovações de que o abacate seja um aliado na prevenção de demências, mas o consumo habitual de abacate previne contra a ocorrência de AVCs.
Coração bobo, coração bola
O abacate é rico em beta-sistoterol, um éster também encontrado em oleaginosas (nozes, amêndoas, etc.) e sementes (chia, girassol, gergelim, linhaça, etc.). O beta-sistoterol reforça a imunidade, auxilia na perda de peso, reduz os depósitos de gordura abdominal e favorece os mecanismos de saciedade.
O beta-sistoterol é rico em ácido oleico, uma gordura monoinsaturada que regula o colesterol (reduz o mal [LDL] e aumenta os níveis do bom [HDL]; a substância se alia a gorduras poli-insaturadas, impedindo a sua absorção pelo organismo).
A circulação sanguínea regular também está entre os benefícios do abacate para a saúde. A fruta fornece boas quantidades de ômega 3, ácido graxo fundamental que facilita a circulação de sangue nas artérias. A mesma substância promove a formação de células sanguíneas, prevenindo enfermidades do sangue, como a anemia.
Nem sim, nem não
O abacate é rico em gorduras monoinsaturadas e em ácidos graxos essenciais. Desta forma, a fruta é excelente – e facilmente incorporada à dieta, por sua versatilidade –, mas é necessário atentar a alguns pontos fundamentais.
Exatamente por ser muito gorduroso – e, por consequência, muito calórico –, o abacate deve ser consumido com moderação. Entretanto, mais de 100 gramas diários (o equivalente a um terço dos nutrientes necessários para o organismo) contribuem para um ganho desnecessário de peso e para disparidades no equilíbrio sanguíneo.