A origem da gota está no volume anormal de ácido úrico na corrente sanguínea. A doença provoca inflamação, inchaço, tofos (caroços subcutâneos que podem drenar material calcário), vermelhidão, febre local e muita dor nas articulações (ombros, cotovelos, joelhos, mãos e pés). A gota é mais comum em homens adultos e mulheres depois da menopausa e está relacionada a fatores genéticos.
O ácido úrico é produzido naturalmente pelo organismo, resultante da quebra das moléculas de purina. A purina está presente na carne vermelha, miúdos, embutidos, pescado, café, bebidas alcoólicas (principalmente cerveja), alcachofra, cenoura, cebola, alho, abóbora, laranja, limão e leguminosas (feijão, ervilha e lentilha). Estes alimentos devem ser consumidos com moderação.
Parte deste ácido permanece no sangue, enquanto o restante é eliminado pelos rins. O nível de ácido úrico pode se elevar:
• porque a produção está muito elevada;
• porque o indivíduo está eliminando quantidades reduzidas com a urina;
• por interferência de alguns medicamentos, como diuréticos, imunossupressores, ciclosporina, suplementos de vitamina C, antibióticos (por longos períodos), medicamentos para bronquite asmática e para o mal de Parkinson.
Existem dois tipos de gota. Na doença aguda, surge uma inflamação (que pode durar até 24 horas) que normalmente afeta apenas uma articulação. Na gota crônica, as dores surgem em episódios sucessivos e podem envolver mais de uma articulação ao mesmo tempo. Depois do pico da dor, o desconforto pode se prolongar por semanas inteiras.
A gota é mais comum em indivíduos com histórico de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, alcoolismo, diabetes, alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos, arteriosclerose e altos níveis de gordura corporal. Pacientes que sofrem infarto do miocárdio desenvolvem a doença com bastante facilidade.
Existem registros de duas epidemias de gota: na Roma antiga e na Inglaterra vitoriana (entre os séculos XVIII e XIX). Acredita-se que elas tenham sido causadas pela presença de chumbo nos alimentos e bebidas; este metal interfere na excreção do ácido úrico.
Os sintomas da gota
Em consequência do excesso de ácido úrico em circulação, formam-se cristais de urato de sódio, estruturantes semelhantes a pequenas agulhas, que se depositam em todo o corpo, especialmente nas articulações, que volta e meia estão sendo dobrados, restringindo a circulação do sangue.
Estudos do Instituto do Coração de São Paulo indicam que a gota amplia os riscos de desenvolvimento das doenças cardiovasculares. As agulhas da gota provocam crises dolorosas de artrite aguda secundária (causada por intercorrência anterior, como inflamação ou trauma).
Nos rins, os cristais de urato de sódio provocam o desenvolvimento da litíase renal – os cálculos ou pedras nestes órgãos. No longo prazo, a gota pode desencadear a insuficiência renal aguda ou crônica, condição que pode levar à falência geral dos órgãos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito a partir da avaliação médica e confirmado através de exames de sangue e de urina, que exigem jejum de oito horas para a coleta. O médico pode pedir ainda a análise do líquido sinovial (substância transparente presente nas cavidades articulares e nos tendões), biópsia sinovial e radiografias das articulações afetadas.
Os pacientes diagnosticados com este distúrbio metabólico precisam evitar o estresse físico, o sobrepeso, a ingestão excessiva dos alimentos acima relacionados, diuréticos e anti-inflamatórios sem prescrição médica. Por outro lado, já está confirmado que o leite e derivados melhoram a eliminação do ácido úrico; portanto, os laticínios devem ser incluídos na dieta.
Além da alimentação pouco calórica, alguns medicamentos, como alopurinol (que inibe a produção de ácido úrico), sulfinpirazona e probenecide (que estimulam a eliminação da substância). Os reumatologistas recomendam ainda:
• aumentar a ingestão de água;
• evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
• evitar os alimentos industrializados, especialmente os embutidos (linguiça, salsicha, etc.);
• aumentar o consumo de frutas e verduras;
• não se automedicar. O ideal é contar com o acompanhamento de um reumatologista (ou clínico geral) e um nutricionista.
Dizendo adeus
Uma forma natural de dizer adeus à gota é bastante trivial: o consumo regular de cerejas. A doença é benéfica também para outras formas de artrite. Entre os atletas, é comum a ingestão da fruta in natura ou em sucos antes dos treinos, uma vez que ela é um anti-inflamatório natural e ajuda na recuperação muscular.
A cereja pode ser utilizada tanto na prevenção, como no combate aos sintomas da gota. Apenas algumas frutas por dia mantêm os níveis de ácido úrico sob controle. O xarope de cereja mantém as propriedades terapêuticas e pode ser consumido durante o ano inteiro.
Confira uma receita de suco simples para combater a gota. Você vai precisar de:
• 300 gramas de cereja;
• 250 ml de água filtrada;
• 250 gramas de açúcar mascavo.
Bata as cerejas e a água no liquidificador. Em seguida, coe o suco e transfira-o para uma panela. Em fogo baixo, adicione o açúcar mascavo e deixe que ele se incorpore, sem formar pelotas. Sem parar de mexer, reduza a infusão no fogo por 20 minutos.
Coe mais uma vez e coloque em uma garrafa esterilizada e com tampo. Este xarope, que pode ser aditivado com cúrcuma (açafrão-da-terra) e gengibre, deve ser consumido em até 15 dias. O açúcar pode ser substituído por mel.