Os casos de AVC – acidente vascular cerebral – vem aumentando ano a ano, inclusive no Brasil: 100 mil pacientes não sobrevivem a um derrame cerebral, de acordo com projeções do Ministério da Saúde. Especialistas afirmam que, entre as causas, está a melhoria dos métodos de diagnóstico.
O acidente vascular cerebral é também a principal causa de incapacitação permanente no Brasil. No mundo todo, estima-se que dez milhões de pessoas tenham esta condição clínica diagnosticada a cada ano, com uma taxa de letalidade de 60%.
O derrame cerebral sempre foi uma doença relacionada à idade avançada. Eram raros os casos de AVC diagnosticados em jovens e pessoas de meia idade. Um dos motivos para o avanço do número de casos está no aumento da expectativa de vida: com mais idosos, mais doenças geriátricas estão sendo detectadas a cada dia.
No entanto, um estudo conduzido entre 1998 e 2007 concluiu que houve um aumento bem mais expressivo na faixa etária entre 15 e 34 anos: 64% dos casos masculinos e 41% dos femininos. Isto indica que maus hábitos estão interferindo. Portanto, a primeira dica para prevenir um derrame cerebral é eliminar esses hábitos.
Fique atento
O Ministério da Saúde lança outro dado alarmante: um em cada seis brasileiros corre riscos de sofrer um derrame cerebral. Isto ocorre principalmente em função do tabagismo, excesso de peso e maus hábitos alimentares (excesso de sal e de gorduras na dieta, por exemplo).
O derrame cerebral tem um forte componente genético, mas cresce o número de pessoas sem histórico familiar que sofrem AVC. O acidente é uma alteração no fluxo sanguíneo do cérebro, que provoca a falta de irrigação de uma região do órgão, seja por entupimento ou rompimento do vaso.
O quadro está relacionado a altos níveis do mau colesterol (LDL) e de triglicérides no sangue, provocados por herança familiar, mas principalmente pelos maus hábitos já relacionados. Desta forma, os dois grupos de riscos devem tomar medidas de prevenção, que incluem os controles regulares do nível de coagulação do sangue e da pressão arterial, das taxas de glicose e colesterol.
Tipos de AVC
Existem dois tipos de derrame cerebral: o isquêmico e o hemorrágico. No primeiro caso, um coágulo bloqueia a artéria que leva sangue rico em oxigênio para o cérebro. O entupimento pode ser determinado por uma trombose cerebral (neste caso, o coágulo ou trombo formado viaja pelos vasos sanguíneos do Sistema Nervoso Central até encontrar um estreitamento).
O AVC isquêmico também pode ser causado por uma embolia cerebral. Nestes casos, um bloqueio formado por ar e gordura em qualquer parte do corpo, migra para o cérebro, causando os mesmos efeitos. Os derrames isquêmicos são os tipos mais letais.
O AVC hemorrágico é mais facilmente identificado como derrame. Podem ocorrer duas situações: a hemorragia intracraniana (rompimento de qualquer vaso sanguíneo do cérebro), ou a hemorragia subaracnóidea, quando um vaso superficial sangra entre a massa cerebral e a parede do crânio.
Os cuidados médicos
Pacientes que não tenham sofrido um AVC, nem tenham histórico familiar, podem deixar os cuidados para prevenir um derrame cerebral para os check-ups de rotina. É pura lenda a informação muito divulgada de que homens e mulheres saudáveis entre 20 e 39 anos não precisam realizar exames preventivos: eles são indicados para todas as faixas etárias.
À medida que a idade avança, porém, os cuidados para prevenir um derrame cerebral devem ser intensificados, já que as probabilidades são cada vez maiores. Não se trata, porém, de nenhuma exigência extra: o acompanhamento geriátrico é suficiente para garantir a qualidade de vida dos idosos.
Um cuidado especial deve ser adotado por pessoas que apresentam hipertensão arterial (pressão alta) crônica, acima de 130 x 80 mmHg. O fluxo sanguíneo mais forte causa pequenos traumas nos vasos sanguíneos, cuja cicatrização pode determinar a formação de estreitamentos ou entupimentos.
Felizmente, a hipertensão arterial pode ser controlada com exercícios e algumas restrições alimentares, de acordo com a orientação médica, e deve ser verificada regularmente.
Principais causas
A lista de vilões é encabeçada pelo colesterol alto, lembrando sempre que este é o colesterol ruim (LDL, ou low density lipoprotein). Em concentrações elevadas, o LDL lentamente vai se depositando nas paredes dos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Junto com outras substâncias presentes do sangue, o LDL forma placas ateroscleróticas, depósitos responsáveis pela obstrução das artérias; desta forma, surge a aterosclerose, que pode causar prejuízos a diversos órgãos e tecidos humanos. É importante lembrar que a manutenção da concentração de HDL (o colesterol bom, ou high density lipoprotein) em níveis iguais ou acima de 60 mg/ dl ajuda a desfazer os ateromas.
As fontes de HDL são o azeite, óleos vegetais, oleaginosas (nozes, amendoim e amêndoas), abacate, ervilhas, soja e seus derivados. Alguns destes alimentos são bastante calóricos; portanto, o consumo precisa ser moderado.
O mau colesterol, o sobrepeso e a hipertensão arterial favorecem a ocorrência de um derrame cerebral. Desta forma, é preciso reaprender a comer, para fazer das refeições algo saudável e também satisfatório. Com exceção dos indivíduos que já sofreram um AVC, não é preciso fazer nenhuma mudança drástica: basta reduzir a ingestão de frituras e outras fontes de gorduras saturadas, do açúcar e do sal.
Mexa-se!
O sedentarismo é outro hábito (ou vício) que deve ser abandonado, não apenas para prevenir um derrame cerebral, mas diversas outras doenças vasculares e metabólicas, como o diabetes e a esteatose hepática (gordura no fígado).
Além disto, a inclusão de exercícios no dia a dia fortalece os músculos, tendões e articulações, confere bem estar geral e melhora inclusive as nossas habilidades de interação social, quando adotamos exercícios coletivos. Não é necessário se tornar um atleta da noite para o dia: basta começar com caminhadas, pedaladas, corridas, braçadas, e ampliar o ritmo com o tempo.
O tabagismo
Fumar é um hábito bastante antigo e já foi inclusive considerado medicinal. Era usado pelos índios tupi (que se instalaram na atual região de Minas Gerais há pelo menos dez mil anos) e, no século XVI, foi introduzido na Europa. Os médicos atribuíam ao tabaco a cura de mais de 60 doenças.
No entanto, sabe-se atualmente que o hábito é fator de vários problemas de saúde, que incluem desde a falta de fôlego até diversos tipos de câncer, passando por enfisema pulmonar, bronquite asmática e impotência sexual.
No caso específico do derrame cerebral, diversas substâncias contidas no cigarro (inclusive a nicotina) contribuem para o espessamento das artérias e veias. Com isto, o sangue tem pouco espaço para chegar a todos os órgãos e tecidos. Esta condição é especialmente potencializada nas mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais, já que os hormônios presentes também alteram a coagulação sanguínea.
A receita parece ser sempre a mesma: alimentação balanceada (e redução do peso corporal), exercícios físicos, abandono do cigarro, manutenção da saúde com checkups regulares. A estas dicas para prevenir um derrame cerebral, podemos acrescentar o controle do estresse e o cultivo de bons relacionamentos pessoais. Estas providências não inibem apenas o desenvolvimento de doenças no futuro: elas também garantem qualidade de vida no presente.