A síndrome das pernas inquietas, também conhecida por síndrome de Ekbom, o principal sintoma é a movimentação involuntária das pernas, mas, em alguns casos graves (mais raros), pode afetar também os braços. A agitação é mais sentida à noite, o que acaba causando sonolência, irritabilidade e indisposição durante o dia, prejudicando as atividades profissionais e familiares.
A doença se manifesta principalmente nos momentos de repouso. Desta forma, a síndrome das pernas inquietas prejudica um momento de relaxamento no final do dia e até mesmo a assistência de filmes e peças de teatro.
O distúrbio é mais comum entre os adultos, mas existem relatos da síndrome das pernas inquietas em crianças e adolescentes. A condição prejudica sobremaneira os relacionamentos sociais e pode provocar isolamento e depressão.
A doença é caracterizada basicamente por uma necessidade urgente de começar a mover as pernas (mesmo estando deitado ou sentado com as pernas bem apoiadas) e ver desaparecer estar necessidade imediatamente depois de um movimento mais vigoroso (como um alongamento, começar a andar ou apenas cruzar as pernas ou dar alguns passos).
A síndrome das pernas inquietas pode ser:
• idiopática (surgida espontaneamente ou de causa não fixada) – é a causa mais comum, e alia predisposições genéticas com a carência de ferro e/ou de dopamina;
• secundária – é a síndrome surgida a partir de algumas doenças, como a anemia ferropriva, um efeito colateral de medicação, insuficiência renal, mal de Parkinson, artrite reumatoide, danos às terminações nervosas das pernas e braços e final da gravidez (terceiro terço), principalmente entre mulheres que tiveram grande ganho de peso (mais de 12 quilos). A síndrome das pernas inquietas afirma 10% da população total e 20% das gestantes; a maioria das pacientes, no entanto, supera a condição poucos dias depois do parto.
Causas e sintomas
Os principais sintomas da síndrome das pernas inquietas são a sensação de desconforto e a necessidade urgente de mover os membros inferiores. Muitos pacientes, no entanto, relatam dores, queimações, coceiras, formigamento, agulhadas e arrepios.
Os sintomas diminuem com o movimento, mas isto obviamente impede um sono reparador. O ideal é manter o dormitório ventilado, totalmente escuro e silencioso. É importante fazer um alongamento antes de se deitar, para reduzir os movimentos involuntários. Adotar caminhadas e exercícios físicos leves pode fazer uma grande diferença. Bebidas alcoólicas, fumo e cafeína devem ser evitados e toda medicação deve ser submetida à avaliação médica.
A cafeína em excesso (chá e café) contribuem para piorar os sintomas. As causas da síndrome das pernas inquietas não estão totalmente esclarecidas, mas a medicina já sabe que existem fatores genéticos para a ocorrência. Também já está estabelecido que a carência de dopamina e de ferro (associado à falta de vitamina C, nutriente que também ajuda a fixar o mineral) em algumas regiões motoras do cérebro contribuem para a instalação e o avanço da condição.
A síndrome das pernas inquietas afeta as seguintes regiões (apesar de o cérebro ser um órgão interligado em suas diversas áreas, algumas delas estão mais diretamente ligadas a determinadas funções):
• córtex motor primário – responde pela iniciação do comportamento motor;
• córtex somatossensorial – recebe as informações sensoriais do corpo (temperatura, dor, tato, vibrações, etc.);
• córtex pré-frontal – responde pelo planejamento, julgamentos e emoções;
• córtex de associação motora – determina os movimentos complexos, como os seriados (andar, correr, saltar, por exemplo);
• centro da fala (área de Broca) – contém os programas motores da fala e é responsável pelos órgãos da fala, inclusive os não expressos;
• córtex auditivo – detecção e identificação da intensidade dos sons;
• área de associação visual – percebe as informações visuais e do movimento;
• córtex visual – recebe as informações visuais simples;
• área de Wernicke – processa as informações sobre a linguagem, permitindo a compreensão dos diálogos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da síndrome das pernas inquietas é essencialmente clínico, baseado nas informações sobre os sintomas descritos pelos pacientes. Embora as causas da síndrome das pernas inquietas raramente sejam derivadas de polineuropatias (distúrbios simultâneos de diversos nervos periféricos), o especialista precisa investigar os reflexos motores, a sensibilidade ao tato e a sensibilidade à dor.
A polissonografia é um exame que registra as ondas cerebrais, as frequências cardíaca e respiratória, o nível de oxigênio no sangue, os movimentos dos olhos e das pernas. É uma técnica bastante comum para diagnosticar distúrbios do sono e pode ser um bom auxiliar para diagnosticar a síndrome das pernas inquietas.
Exames laboratoriais podem demonstrar a presença e a dosagem de ferritina e transferina, duas substâncias que transportam o ferro para o sangue periférico. A deficiência do sal mineral é responsável pela anemia ferropriva, um dos fatores de risco para a síndrome das pernas inquietas.
Nos casos mais leves, a síndrome das pernas inquietas pode ser tratada com benzodiazepínicos, um grupo de fármacos utilizados como sedativos, hipnóticos, anticonvulsionantes e relaxantes musculares. Casos mais graves podem ser medicados com pramipexol e ropinele, que estimulam os receptores de dopamina sem aumentar o nível do neurotransmissor no sangue periférico.
A segunda opção de tratamento medicamentoso é a opção por fármacos opioides, especialmente para os pacientes que não toleram os agentes dopaminérgicos (substâncias que aumentam a recepção da dopamina, garantindo maior fluxo do neurotransmissor).
Os opioides, apesar de terem ação comprovada para controlar a síndrome das pernas inquietas; efetivamente, eles melhoram a qualidade do sono dos pacientes. Mesmo assim, são muitos os efeitos colaterais: constipações, náuseas, vômitos, confusão mental, alteração da memória e da capacidade de concentração, sedação prolongada e depressão respiratória (uma redução da capacidade de respiração, geralmente provocada por causas neurológicas).