O jiló é o fruto de uma planta herbácea (o jiloeiro), muito cultivado no Brasil, com destaque para a produção da região Sudeste. O vegetal é famoso pelo seu sabor amargo, que afasta muitos consumidores. A planta foi levada para o golfo da Guiné (África), onde, até hoje, é cultivada particularmente na Nigéria.
A planta é rica em nutrientes, fato que explica os benefícios do jiló para a saúde. Na composição de um jiló (uma única fruta pesa de 14 a 17 gramas), entre 3% e 6% são carboidratos e 1,5% são proteínas. O jiló é rico ainda em sais minerais, como cálcio, ferro, manganês, magnésio e fósforo, e as vitaminas A, B5 e C. Esta última, no entanto, é perdida durante o cozimento.
Uma solução é usar a água de jiló para preparar outros alimentos (as leguminosas – feijão, grão-de-bico, lentilha, etc. – são as mais indicadas). Outra opção é bater um jiló (sem a pele, nem as sementes) com o suco de um limão, acrescentar água (ou água de coco) e tomar como refresco.
Apesar do gosto, o jiló é muito conhecido por suas propriedades digestivas. Em algumas regiões do país, a fruta é consumida cozida, frita ou grelhada e também no preparo de outras receitas. Existem diversas variedades: no país, as mais consumidas são morro-grande (mais amarga, preferida entre os paulistas) e rei-do-verde.
Jiló emagrece?
A resposta é positiva, e o motivo não é por que a fruta é deixada no prato. O jiló é constituído por 90% de água, fato que confere sensação de saciedade por mais tempo, por ocupar mais espaço no estômago. Além disto, o jiló é rico em fibras, mais um fator que retarda o retorno da sensação de fome e possui muito poucas calorias (apenas 38 em uma porção de 100 gramas).
Pessoas que querem (ou precisam) perder peso devem adotar o jiló na sua dieta regular. Fica aqui, contudo, uma advertência: o preparo da fruta em frituras torna a refeição mais calórica. Também é importante ressaltar que não adianta apenas incluir o jiló nas refeições: manter o peso ideal ou perder quilos extras requer necessariamente uma reeducação alimentar.
Mais benefícios do jiló
O jiló não deve ser lembrado apenas quando a preocupação é emagrecer. Por ser rico em fibras, a fruta contribui para a regularização do trato intestinal, prevenindo contra a retenção de líquidos, diarreia, prisão de ventre e até mesmo oclusões intestinais.
A fruta é rica em compostos bioquímicos denominados flavonoides, que apresentam propriedades antioxidantes, substâncias que combatem o envelhecimento precoce, reduzem os riscos da formação de placas do LDL, o colesterol ruim (trombos), nas artérias e desfavorecem o surgimento da aterosclerose, das doenças cardiovasculares, do AVC (acidente vascular cerebral) e da trombose.
Outra “queixa” frequente com relação ao consumo do jiló é a dificuldade de engolir a fruta. Isto, no entanto, precisa passar a ser considerado como mais um dos benefícios: por demandar maior mastigação, o jiló estimula a produção da saliva, estimulando uma ação bactericida que auxilia na higiene bucal e reduz o mau hálito.
O jiló também previne contra aftas (pequenas ulceras que se instalam na mucosa bucal), fortalece as gengivas e impede a pelagra, doença causada pela falta de niacina (também conhecida como ácido nicotínico, vitamina PP ou vitamina B3).
A pelagra se caracteriza pela instalação de dermatites com severa descamação, doenças gastrointestinais que prejudicam a absorção dos nutrientes, fotofobia (hipersensibilidade à luz), delírios, confusão mental, depressão e irritabilidade. O mal ainda provoca náuseas e vômitos, inflamações na boca e garganta, perda de apetite e fraqueza.
Não existem contraindicações para o consumo do jiló: apenas o excesso precisa ser evitado. É importante salientar, de qualquer forma, que a fruta “não é um tratamento médico”: distúrbios metabólicos e alimentares precisam ser cuidadosamente avaliados por especialistas.
Os sais presentes no jiló
Entre os sais minerais, cálcio, fósforo e ferro são bons auxiliares na formação e regeneração dos ossos, além de fortalecer a pele, dentes e ossos. O manganês é necessário para o bom funcionamento das enzimas, inclusive a SOD (superóxido dismutase), um poderoso antioxidante que ajuda a eliminar os radicais livres do organismo.
O manganês presente no jiló oferece inúmeros para o bom funcionamento das glândulas tireoide e paratireoide, que, estabilizadas, atuam na redução do apetite e na eficiência dos órgãos e tecidos humanos. O mineral também é fundamental para fixar as vitaminas no organismo e alivia os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual) e da menopausa.
Já o magnésio é considerado o segundo mineral para o organismo, logo depois do potássio. Em nosso corpo, há entre 20 e 25 gramas deste sal, distribuídos principalmente nos ossos e músculos. O consumo regular do jiló, com a sua fonte de magnésio, é importante para a contração e relaxamento muscular, para o funcionamento de algumas enzimas, para a produção e transporte da energia para todas as células e para a fixação das proteínas.
Como consumir o jiló
Para que seja possível obter os inúmeros benefícios do jiló para a saúde, é necessário incluí-lo no cardápio ao menos duas vezes por semana. O sabor amargo e a dificuldade de deglutição podem ser minimizados com o emprego do jiló em sucos, farofas e grelhados: ele pode inclusive figurar nos espetinhos dos churrascos de domingo.
Outra surpresa no preparo do jiló: ao ser cozido no caldo de feijão, ele perder praticamente todo o amargor. Trata-se de uma receita para quem ainda não teve coragem de experimentar a fruta. Na verdade, o gosto amargo é mais pronunciado nas receitas cruas, quase sempre em saladas.
Para que as propriedades nutricionais do jiló não sejam reduzidas durante o preparo, o ideal é cozinhá-lo no vapor ou na grelha, ou refogá-lo com outros legumes e verduras. O sabor se torna mais palatável se a fruta for consumida com alimentos mais doces, como a beterraba, a abóbora e a cenoura (todas elas também são importantes fontes de nutrientes).
Como aperitivo, o jiló pode ser servido à milanesa, grelhado com queijo parmesão, em pequenos medalhões de fígado bovino ou de aves, em pratos com frutos do mar ou simplesmente preparado ao alho e óleo. Nestes casos, no entanto, o consumo deve ser ainda mais moderado.