Explorada de forma comercial inicialmente pela República Popular da China, a lichia também é cultivada na África do Sul e no México e o fruto, que oferece muitos benefícios para a saúde, agradou o paladar de europeus, americanos e canadenses, ganhando, de maneira gradual, peso considerável no comércio exterior.
No Brasil, a fruta foi introduzida em 1810, quando uma muda foi plantada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro por membros da família real portuguesa (que havia se transferido para a Cidade Maravilhosa dois anos antes). A produção em escala comercial, no entanto, teve início apenas na década de 1970. O principal Estado produtor é São Paulo, seguido por Minas Gerais, Bahia e Paraná.
A importação da lichia para cá continua ocorrendo, principalmente a partir de 2008, quando surgiu uma doença causada por Aceria litchii, um ácaro parasita. Os primeiros casos foram registrados em Limeira e a praga tem se espalhado por todo o interior paulista e pelo Paraná, comprometendo a produção em pomares sem manejo adequado.
A composição nutricional da lichia
Uma porção de dez lichias (peso médio de dez gramas por unidade) tem 66 calorias (trata-se de um alimento light: a lichia, apesar de ser mais calórica do que o kiwi, a goiaba e a acerola, por exemplo, é mais leve do que a cereja, o figo e caqui). Além de contribuir para a boa forma, cada unidade da fruta fornece os seguintes nutrientes:
• carboidratos: 16,6 gramas;
• proteínas: 0,8 gramas;
• gorduras: 0,5 gramas;
• fibras: 1,3 gramas;
• cálcio: 5 miligramas;
• cobre: 0,15 miligrama;
• ferro: 0,31 miligrama;
• fósforo: 31 miligramas;
• magnésio: 10 miligramas;
• manganês: 0,1 miligrama;
• cálcio: 5 miligramas;
• potássio: 171 miligramas;
• selênio: 0,1 micrograma;
• sódio: 1 miligrama;
• zinco: 0,1 miligrama;
• vitamina B1 (tiamina): 16,6 gramas;
• vitamina B2 (riboflavina): 0,1 miligrama;
• vitamina B3 (niacina): 0,6 miligrama;
• vitamina B6 (piridoxina): 0,1 miligrama;
• vitamina E: 0,1 miligrama;
• vitamina K: 0,4 miligrama;
• vitamina C (ácido ascórbico): 15 miligramas.
Os benefícios da lichia
A lichia é colhida durante a primavera e verão (a safra se estende até a metade do outono nas regiões Sul e Sudeste). A fruta é suculenta e refrescante, combinando perfeitamente com os dias quentes, servindo para saciar a sede e manter o equilíbrio hídrico do organismo.
A fruta também é rica em proantocianidinas, moléculas pertencentes ao grupo dos flavonoides. Na natureza, estas substâncias são utilizadas por alguns vegetais como defesa contra animais comedores de sementes (além da lichia, também são boas fontes: morango, framboesa, amora, mirtilo, cereja, melancia, uva vermelha e vinho tinto – cujo consumo deve se limitar a uma ou duas taças diárias, de acordo com a idade, sexo e porte físico, se não houver contraindicação médica).
Mais benefícios
Consumidos em quantidades adequadas (até 100 gramas diárias de lichia), os flavonoides trazem inúmeros benefícios para a saúde: eles ajudam a manter o equilíbrio hormonal, favorecem a absorção da vitamina C (beneficiando o sistema imunológico, a pele e os cabelos) e apresentam propriedades anti-inflamatórias, anti-hemorrágicas e antialérgicas.
Alguns estudos indicam que a lichia, por ser rica em antioxidantes (que combatem os radicais livres), pode estar relacionada à prevenção de diversos tipos de câncer, especificamente os tumores de testículo, próstata, ovário, útero e gastrointestinais.
Os antioxidantes presentes na lichia também ajudam a prevenir o envelhecimento precoce, reduzem o teor de LDL (o colesterol ruim) e aumentam o do HDL (o colesterol bom) da corrente sanguínea, reduzindo as chances de formação de coágulos – e, consequentemente, de doenças degenerativas, como o infarto do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais.
As vitaminas B1, B2 e B3 estimulam o crescimento de unhas fortes e saudáveis, enquanto o ácido ascórbico, associado à tiamina e niacina, garante melhor irrigação sanguínea para o couro cabeludo, aumentando a oxigenação dos folículos capilares, fato que permite melhor nutrição destas estruturas orgânicas.
Sem cãibras
Os adeptos das atividades físicas mais intensas podem recorrer à lichia para combater um incômodo bastante comum durante a prática de esportes e a malhação: as cãibras, que podem ocorrer durante os treinos ou algumas horas depois.
O alto teor de potássio fornecido pela fruta estimula a produção de actina e miosina, proteínas musculares responsáveis pela contração e relaxamento dos músculos estriados (movimentados de acordo com a nossa vontade). A orientação é ingerir algumas lichias de 20 a 30 minutos antes dos treinos.
Cuidado!
A própria lichia apresenta ressalvas ao consumo: por ser uma boa fonte de cálcio, potássio e sódio, a fruta pode prejudicar as funções do sistema excretor, especialmente para pessoas com histórico pessoal ou familiar de doenças nos rins e/ou na bexiga. Caso este seja o caso, um médico ou nutricionista deve ser consultado, para orientas o consumo ou sugerir outras opções.
Perdendo peso, ganhando saúde
Com baixa carga energética, a lichia praticamente não possui gorduras, é rica em fibras e água. Apesar do teor de carboidratos, a fruta apresenta baixa carga glicêmica, de forma que não estimula a produção de insulina, hormônio que, quando produzido em excesso pelo pâncreas, favorece o acúmulo de gordura abdominal – os conhecidos pneuzinhos, que, além de prejudicarem a silhueta, favorecem a instalação de doenças cardíacas, vasculares, renais e hepáticas.
A gordura mais nociva localizada no abdômen é a chamada visceral. Ao contrário da gordura subcutânea, que se deposita sobre os músculos abdominais, a gordura visceral é encontrada na cavidade peritoneal, entre os órgãos do ventre (estômago, intestino, fígado, pâncreas, etc.).
O problema principal deste tipo de gordura não é estético: ele reside nos danos causados à saúde, como o diabetes tipo 2 e os males cardiovasculares, que se desenvolvem no médio prazo. A gordura visceral libera adipocinas, tipos de proteínas responsáveis por aumentar a pressão arterial e interferir na produção da insulina.
A lichia é rica e oligonol, um polifenol diretamente relacionado à redução da gordura visceral. Além de melhorar a aparência, a substância previne os efeitos danosos desta condição, promovendo boa saúde e qualidade de vida.
Além disto, a fruta é rica em sódio (que participa do equilíbrio dos líquidos presentes no organismo). O potássio, outro sal mineral presente na lichia, também combate a retenção de líquidos e contribui para regularizar a pressão arterial. Por fim, as fibras melhoram o trânsito intestinal, reduzindo as prisões de ventre e diarreias, e prolongam a sensação de saciedade.
Chás e sucos de lichia
Um suco de lichia é desintoxicante, termogênico e hidratante, configurando-se como um excelente auxiliar nos regimes de emagrecimento e de desintoxicação. Além disto, é um alimento delicioso, uma boa pedida para o café da manhã.
No liquidificador, bata:
• polpa de oito lichias;
• 200 ml de água de coco;
• uma colher (sobremesa) de folhas de hortelã picadas;
• gelo picado a gosto.
Beba o suco imediatamente, para impedir a oxidação (e consequente desperdício) dos nutrientes, preferencialmente se coar, nem adoçar (tanto a água de coco quanto a lichia são ricas em açúcares).
O chá de cascas de lichia colabora para a redução da circunferência abdominal, fato comprovado em ensaios clínicos organizados pela Universidade de Hokkaido (Japão), e há relatos de que ele também é útil para corrigir pequenas imperfeições de pele. As cascas são ricas em cianidina, composto orgânico responsável pela coloração vermelha.
Para fazer a infusão, deixe as cascas e cinco lichias para secar ao Sol, protegidas por uma tela, para evitar o contato com insetos.
Coloque as cascas em uma xícara de chá, complete com água fervente, cubra e deixe descansar por três minutos. Beba a seguir, preferencialmente sem adoçar (mas pode ser utilizado mel ou açúcar mascavo – uma colher de sobremesa). O chá pode ser tomado diariamente, mas pode causar problemas para portadores de doenças renais: consulte o médico antes de ingeri-lo.