A alcachofra é procedente da região sul do mar Mediterrâneo, a região noroeste da África, que engloba Marrocos, Saara Ocidental, Tunísia e Argélia. Trata-se de um parente muito próximo do cardo comum – uma espécie de espinheiro. O termo “alcachofra” provém do árabe e significa “planta espinhuda”.
Foram necessárias décadas de aprimoramento para o consumo humano. Sorte nossa, porque podemos aproveitar os benefícios da planta para a saúde. Existem indícios da alcachofra selvagem na Tunísia. Os antigos egípcios já a conheciam, assim como os gregos, que introduziram o cultivo na Magna Grécia (sul da atual Itália).
Mas qual é o motivo de desenvolver um espinheiro? Os povos antigos descobriram empiricamente que a alcachofra – mais especificamente uma enzima presente na flor deste cardo – a cinarase – tem a propriedade de acelerar a fermentação do leite, uma das etapas para a fabricação de queijo e manteiga.
Com o intuito de tornar a planta mais “amigável” para a colheita, os nossos ancestrais acabaram criando uma verdadeira joia da culinária, também fonte de muitos benefícios para a saúde humana.
Uma lenda
Os gregos eram muito criativos para explicar a origem dos objetos e da vida. Ainda na era pré-cristã, surgiu a lenda sobre o surgimento da alcachofra. Cynara, uma linda jovem, moradora da ilha de Zinari (mar Jônico, entre a Grécia e o sul da Itália), atraiu a atenção de Zeus, o deus dos deuses, em uma de suas visitas a Poseidon, o deus dos mares.
Zeus emergiu das águas e imediatamente identificou Cynara na praia. A moça não parecia assustada com a presença da deidade, que não perdeu tempo e começou a tentar seduzi-la. Zeus queria torná-la uma deusa, levando-a para o monte Olimpo.
Cynara aceitou o convite, mas, sentindo falta dos parentes e amigos, logo ficou saudosa doente. Para aliviar a saudade, a jovem tornada deusa voltou escondida para o mundo dos mortais, para uma breve visita, contando voltar antes que sentissem a sua falta.
Em outras versões, Cynara rejeitou o convite do rei dos deuses. Seja como for, Zeus, ao descobrir a desobediência, ficou indignado e transformou Cynara em um espinheiro. Efetivamente, o nome científico da alcachofra é Cynara scolymus.
A composição da alcachofra
Apesar da origem mediterrânea, a alcachofra é cultivada no mundo todo. No Brasil, a produção comercial está concentrada nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. A alcachofra é fonte das vitaminas A, C e do complexo B (B1, B2, B3 e B9). Também fornece minerais, fibras, carboidratos e uma pequena quantidade de proteína.
Cem gramas de alcachofra fornecem:
- 47 calorias;
- 12 gramas de carboidratos;
- 9 gramas de açúcares;
- 2,5 gramas de fibras;
- 3,3 gramas de proteínas.
A alcachofra não apresenta gorduras saturadas, mas não é uma boa fonte das insaturadas: apenas 0,2 grama a cada 100 gramas. Os sais minerais presentes no vegetal são: potássio, sódio, cálcio, zinco, cobre, ferro e magnésio. O extrato de alcachofra, sob a fórmula de suplementos alimentares, é indicado para regimes de emagrecimento e também para diabéticos.
Os benefícios da alcachofra para a saúde
A alcachofra é um bom auxiliar no tratamento de anemia, aterosclerose, doenças cardiovasculares, diabetes, astenia, hemorroidas, reumatismo, infecções das vias aéreas e flatulência. Além disto, folhas e flores constituem um excelente tônico digestivo (sob a forma de infusões ou de suplementos alimentares). As folhas não são comestíveis.
A planta apresenta propriedades diuréticas e desintoxicantes, atuando especialmente nos rins, no estômago e no fígado. A alcachofra também estimula o apetite e comprovadamente equilibra as taxas de colesterol, contribuindo para a prevenção da hipertensão arterial e da formação de coágulos nos vasos sanguíneos, que podem provocar tromboses, infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (conhecidos como derrames).
As principais indicações da alcachofra são:
• eliminação de problemas hepáticos e renais – a alcachofra é um alimento (ou suplemento) fundamental para o bom funcionamento do fígado e dos rins. As flores fortalecem a circulação biliar (impedindo estagnações de bílis na vesícula) e, por contribuir para eliminar toxinas, mantém o bom funcionamento do sistema excretor;
• “cura” da ressaca – graças à sua atuação benéfica sobre o fígado, a alcachofra (principalmente as folhas) atua como um bom atenuante para os excessos de bebidas alcoólicas no dia anterior. Vale lembrar que isto é apenas um alívio e não uma cura propriamente dita;
• redução da hipercolesterolemia – testes laboratoriais indicam que as folhas de alcachofra, com uma dose diária de infusão ou suplemento (sete gramas da folha seca) reduzem os níveis do mau colesterol (LDL) em até 45%. O efeito é causado pela presença de cinarina, uma substância amarga concentrada nas raízes e folhas, que é empregada há mais de 30 anos pela indústria farmacêutica;
• alívio da síndrome do cólon irritável – um estudo do Journal of Alternative and Complementary Medicine relata eu 118 portadores da síndrome afirmaram sentir alívio da síndrome após oito semanas de ingestão do extrato de alcachofra. A doença é crônica (não há presença de lesões no cólon) e caracteriza-se por cólicas, distensão abdominal por gases e constipações (prisão de ventre) ou diarreia;
• combate aos radicais livres – a alcachofra é o vegetal com o maior teor já estudado de antioxidantes. Estas substâncias previnem o dano oxidativo determinado pelos radicais livres, que pode levar à disfunção celular, causando uma série de problemas orgânicos – do surgimento de rugas e linhas de expressão ao câncer.
Vale lembrar que o organismo humano é dotado de mecanismos para manter a estabilidade dos radicais livres: a própria respiração celular gera a produção destas moléculas, que nada mais são do que estruturas que perderam elétrons ou incorporaram um átomo de hidrogênio à sua estrutura.
O avanço da idade, assim como outros fatores (poluição, exposição a metais pesados, tabagismo, abuso de álcool, etc.), aumenta a carga de radicais livres no organismo, e isto determina o desenvolvimento de problemas de saúde.
Alcachofra e Emagrecimento
A alcachofra ajuda a quebrar gorduras e a reduzir a absorção de açúcares pelo intestino, que, em excesso, ficam em suspensão na corrente sanguínea – é a chamada hiperglicemia, bastante comum também entre os portadores de diabetes.
O ácido clorogênico e a cinarina presentes na alcachofra facilitam a digestão, quebrando as moléculas de gordura em substâncias mais simples e, portanto, mais facilmente aproveitáveis pelo organismo. Isto impede a formação de depósitos de gordura, especialmente no abdômen e no quadril. A cianina também é responsável pela redução do açúcar em circulação no sangue.