É muito mais comum do que se imagina. O excesso de bebidas alcoólicas, por exemplo, é o responsável por um grande número de casos de disfunção erétil. Em geral, estas situações são pontuais e não voltam a ocorrer no estado de sobriedade.
No entanto, a disfunção erétil pode afetar homens de todas as faixas etárias por diferentes razões, com maior ou menor frequência. Clinicamente, ela é caracterizada pela falha em obter ou manter uma ereção satisfatória em pelo menos metade das tentativas de intercurso sexual.
Entre os mais jovens, nas primeiras relações sexuais, a causa mais comum é a ansiedade. Infelizmente, grande parte dos portadores desta anomalia não procura ajuda médica, ou procuram-na quando o quadro já afetou outros sistemas, como o circulatório, por exemplo.
Ainda não existem estudos exclusivos, mas a experiência clínica parece indicar que os homens solteiros, sem compromissos formais, tendem a sofrer um número mais elevado de episódios de disfunção sexual. Aparentemente, a “ansiedade do primeiro encontro” parece sérum fator bastante incidente neste transtorno.
As parceiras
É importante notar que o tratamento é mais eficaz quando as companheiras acompanham todas as etapas. A pressão e cobrança das parceiras sexuais tende a agravar o quadro, especialmente se ele tiver raízes emocionais.
Algumas esposas e namoradas tendem a acreditar que o problema está nelas mesmas, e é necessário reforçar a parceria e os sentimentos envolvidos. No caso de causas físicas, com o tratamento adequado, geralmente a disfunção erétil desaparece em pouco tempo.
As principais causas orgânicas da disfunção erétil são:
• alcoolismo;
• tabagismo;
• aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nas paredes das artérias);
• diabetes;
• problemas neurológicos;
• obesidade;
• varicocele (dilatação das veias do pênis);
• alguns tipos de câncer na pélvis;
• deficiências hormonais (queda da produção de testosterona);
• doença de Peyronie (formação de fibroses ou cicatrizes que causam deformidades no pênis – curvaturas acentuadas, afinamentos, reduções do tamanho e acinturamentos);
• doenças vasculares que impedem ou dificultam a irrigação sanguínea do pênis;
• fraturas no pênis;
• cirurgia de retirada da próstata.
Diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos alterados), sobrepeso e obesidade, tabagismo, alcoolismo e sedentarismo são fatores de risco para a disfunção sexual. Isto ocorre porque todos estes fatores prejudicam a circulação sanguínea e, sem sangue suficiente, o pênis não fica ereto por tempo suficiente para uma relação sexual.
Entre os fatores psicológicos, destacam-se as situações que afetam a autoconfiança, tais como dificuldades financeiras, desemprego, aposentadoria e luto em família. É importante salientar que o envelhecimento não constitui, em si, uma causa da disfunção erétil.
Diagnóstico e tratamento
Pacientes com disfunção erétil provocada por causa física geralmente são homens mais velhos, acima dos 50 anos. O transtorno é cumulativo: vem ocorrendo com frequência cada vez maior ao longo dos anos e normalmente é resultado de fatores múltiplos.
É comum a ocorrência de ereções e ejaculações involuntárias durante o sono (as chamadas poluções noturnas). Quase sempre, elas são provocadas pelo excesso de urina depositado na bexiga. Quando isto ocorre e, mesmo assim, o paciente tem disfunção erétil, o problema é certamente psicológico.
Mas, se as ereções deixam de ocorrer durante o repouso noturno (é comum despertar com o pênis enrijecido), o urologista certamente irá pesquisar causas de ordem física. Enquanto o problema é tratado, o paciente pode receber medicações orais, como o Viagra e o Cialis, para manter o desempenho sexual até que a causa primária seja superada.
O tratamento para a disfunção erétil varia de acordo com as causas determinantes do transtorno, mas, seja como for, em praticamente todos os casos é necessário mudar maus hábitos alimentares e fazer algum tipo de atividade física.
Em geral, os casos orgânicos são tratamentos com medicamentos orais – nos casos mais graves, os pacientes precisam receber injeções no corpo do pênis e até mesmo serem submetidos a cirurgias, em que são implantadas próteses penianas. Os pacientes implantados passam a exibir uma ereção contínua, durante o dia inteiro.
No caso de o problema ocorrer em função de problemas emocionais, o homem afetado (que pode demandar medicamentos psicotrópicos) e a sua parceira são submetidos a uma série de entrevistas. Mas, mesmo nos casos orgânicos, a psicoterapia pode ser necessária e útil, para que o paciente consiga superar o medo e a insegurança, reforçar a autoestima e a autoconfiança.
A prevenção
As dificuldades esporádicas de ereção são comuns a qualquer homem. É literalmente impossível encontrar um homem com 30 anos ou mais que não tenha experimentado um destes episódios. Não existem etnias mais propícias a desenvolver o problema. Antes dos 18 anos, a frequência é sensivelmente menor, mas, em geral, a frequência das relações sexuais é igualmente reduzida.
Como condição crônica, o problema afeta 44% dos brasileiros. Os dados são da Sociedade Brasileira de Urologia, que também constatou, em pesquisas de campo, que, entre os homens que sofrem com disfunção erétil:
• 56% são hipertensos;
• 19% são diabéticos;
• 13% têm colesterol alto;
• 12% têm problemas cardíacos.
A disfunção erétil, no entanto, pode ser evitada ou reduzida com alguns cuidados simples adotados no dia a dia. São eles:
• dormir bem (ao menos sete horas por noite);
• evitar o consumo de drogas lícitas e ilícitas;
• evitar traumas na região pélvica;
• “aposentar” os selins de bicicleta com ponta retrátil ou muito pronunciados;
• manter o diabetes sob controle;
• eliminar a gordura abdominal.
Os motivos são simples:
• noites em claro ou de sono fragmentado impedem que o indivíduo atinja a fase de sono profundo. Além disto, a privação do sono favorece as doenças cardiovasculares, piora o diabetes e favorece o ganho de peso. O uso de medicamentos para combater a impotência sexual não prescrito por médicos também leva à insônia;
• de acordo com a Universidade Real de Londres (Inglaterra), o tabagismo aumenta os riscos de disfunção erétil (homens que fumam têm 40% a mais de probabilidade de se tornarem impotentes e, quanto maior o número de cigarros diários, maiores as chances de problemas no desempenho sexual). O tabaco contém substância que dificultam a microcirculação sanguínea.
De acordo com estudos da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo), entre os usuários de álcool, cocaína, crack e ecstasy, 47% relatam problemas como ejaculação precoce, diminuição da libido e impotência sexual. O problema está relacionado a alterações vasculares decorrentes dos vícios;
• muitos jovens que não conseguem identificar a origem da disfunção sexual nas consultas com os urologistas sofreram traumas no pênis (como uma bolada em uma cobrança de falta no futebol, por exemplo). Estes traumas também podem ser provocados por mordidas durante as preliminares do ato sexual;
• um estudo publicado no “Journal of Sexual Medicine” alerta que os ciclistas devem ter cuidado na escolha do selim. São vários os estudos que indicam a maior incidência de problemas sexuais nestes atletas, em função da pressão exercida pelo assento da bicicleta no períneo (região entre o ânus e saco escrotal). Não é o caso de parar de pedalar, mas de escolher o assento correto;
• as artérias do pênis são muito sensíveis às alterações vasculares provocadas pelo diabetes, especialmente do tipo 2. Metade dos portadores do distúrbio metabólico relatam episódios de disfunção erétil, que, neste caso, não pode ser tratada com os medicamentos convencionais, como Viagra e Cialis, porque eles não apresentam nenhuma eficácia;
• o sobrepeso e a obesidade são grandes aliados da impotência sexual. De acordo com estudos realizados pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard (Massachusetts, EUA), o peso corporal excessivo e o sedentarismo aumentam consideravelmente as chances de disfunção erétil. Os obesos apresentam o sistema circulatório debilitado (o coração é mais exigido para bombear sangue para o corpo). Além disto, a hipertensão arterial e a elevação do colesterol ruim estão diretamente associados à impotência sexual. Os quilos extras não são diretamente responsáveis pelo problema, mas incidem em diversos fatores relacionados a ele.