A fruta foi levada para ilhas dos oceanos Índico e Pacífico, sul da Ásia, norte da Austrália, Porto Rico e República Dominicana. O local de maior cultivo do noni, no entanto, continua sendo o Taiti. A Morinda citrifolia, árvore que produz o noni, é bastante resistente: dá flores e frutos durante o ano inteiro, cresce em terrenos rochosos e arenosos de origem vulcânica ou calcaria, é tolerante a solos salinos e a períodos moderados de seca.
A fruta tem muitas sementes e exala um odor forte quando é colhida, o que lhe valeu os apelidos de “fruta de queijo” e “fruta de vômito”; mas, apesar do cheiro desagradável, o noni é consumido cru (com sal) ou cozido (com especiarias). Apesar das flores pequenas, as frutas ovaladas atingem até sete centímetros de comprimento.
Os benefícios do noni para a saúde
Apesar de ainda não haver comprovações científicas, o noni é consumido em diversos países por causa das suas propriedades terapêuticas. Na China, Japão e Taiti, folhas, flores, frutos e cascas do tronco são utilizadas para baixar a febre, tratar os olhos e a pele do rosto.
Na Oceania, gengivites, constipações, dores de estômago e dificuldades respiratórias são tratadas com o noni. Na Malásia, acredita-se que as flores aquecidas devem ser aplicadas no peito e abdômen para aliviar a tosse, náuseas e cólicas; a polpa da fruta é usada em tratamentos capilares. Os filipinos extraem o sumo das folhas para tratar artrites e outros problemas de articulação.
Na Indochina (Laos, Camboja e Vietnã), o noni é indicado em casos de disenteria e bronquite asmática. Para uso externo, a fruta foi eleita para tratamentos de fraturas ósseas (o noni é esmagado, misturado com sal e aplicado sobre os locais dos traumas).
No Havaí, o fruto maduro in natura é aplicado sobre furúnculos, para extrair o pus. O extrato da fruta é indicado para regular o ciclo menstrual, para aliviar cólicas, indisposições estomacais e inflamações urinárias.
No Ocidente
O noni foi descoberto pelos ocidentais há pouco mais de uma década. Nos EUA, Canadá e, mais recentemente, no Brasil, a fruta e seu suco são anunciados como produtos para emagrecimento, queima de gordura e ganho de massa muscular.
Os anúncios comerciais indicam que a fruta já foi aprovada em ensaios clínicos, mas, seja como for, é necessária a última etapa do processo – os ensaios laboratoriais – para que o suco de noni processado industrial possa ser comercializado como medicamento.
A xeronina
Os fabricantes americanos patentearam uma substância presente na planta, a xeronina, e informam ser este o princípio ativo dos suplementos, já aprovados pelo Food and Drug Association (FDA, a agência reguladora de alimentos e medicamentos nos EUA).
A xeronina é um alcaloide natural que atua nas membranas celulares, favorecendo o transporte das proteínas destas membranas. A ação facilita a absorção dos nutrientes para o interior das células (favorecendo a nutrição celular) e carreia os resíduos metabólicos para a corrente sanguínea, para que sejam finalmente eliminados pelos rins. Esta é considerada apenas uma das muitas propriedades nutracêuticas no noni.
As características medicinais do noni
Já foram isoladas e catalogadas mais de 150 aplicações nutracêuticas do noni, a partir de estudos realizados da Argentina ao Canadá. Nos EUA, ao menos um renomado cientista aposta nos benefícios do noni para a saúde: Neil Solomon.
Este médico obteve o PhD a partir de pesquisas e estudos realizados no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, da Universidade de Maryland, uma das mais conceituadas do mundo na área de saúde. Solomon é autor do livro “O Fruto Tropical: 101 Aplicações”, em que descreve algumas das funções do noni (a fruta tropical em questão):
• o noni interage com a serotonina (neurotransmissor que inibe a raiva, agressividade, temperatura corporal, humor, sono e apetite) e com a melatonina (hormônio secretado pela glândula pineal cuja principal função é regular o sono);
• a xeronina reduz a hipertensão arterial;
• o consumo regular aumenta o fluxo energético no organismo humano, por facilitar a entrada de nutrientes nas células e a saída de substâncias tóxicas.
A fruta tem outras propriedades:
• atua como agente anti-inflamatório e anti-histamínico (controla alergias, enjoos em viagens e alivia os sintomas das úlceras gástricas);
• alivia dores, mal-estares e desconfortos em geral;
• é bactericida e controla a flora intestinal. Com isto, protege contra transtornos do sistema digestório;
• evita a degradação do DNA e o consequente desenvolvimento de tumores malignos.
Os nutrientes do noni
O noni é uma fruta muito nutritiva. É rico em vitaminas A, B1, B2, B3, B5, B6, B7 (ou H), B12, C (fornece 10% das necessidades diárias) e E, além dos seguintes sais minerais: cálcio, ferro, fósforo, magnésio, zinco, cobre, cromo, manganês, molibdênio, sódio e potássio.
Cem gramas de noni (o equivalente a meia fruta) fornecem apenas dez calorias. A fruta não contém gorduras nem proteínas. Cerca de 3% do peso total é constituído por carboidratos (apenas frutose, glicose e fibras alimentares).
O noni e as autoridades
No Ocidente, as principais maneiras de consumo do noni são o suco, as sementes assadas, o chá das folhas da árvore e suplementos alimentares do extrato. Apesar dos muitos benefícios para a saúde (divulgados especialmente pela indústria nutracêutica), a fruta, sob qualquer forma, chegou a ser proibido, em 2011, pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
De acordo com a agência, existem poucas informações científicas que comprovem a eficácia terapêutica do noni. Além disto, o mais preocupante é que não existem estudos sobre os possíveis efeitos colaterais: os testes toxicológicos foram feitos apenas em cobaias de laboratório. Ainda não foram realizadas pesquisas de longo prazo sobre eventuais problemas para a saúde com o uso prolongado da fruta.
Seja como for, existem alguns artigos científicos que comprovam os benefícios do noni para a saúde. A maior parte foi desenvolvida por estudiosos da Oceania e no sudeste asiático. A chamada medicina baseada em evidências tem acompanhado consumidores regulares radicados nestes países, que quase sempre apresentam idade avançada e boas condições físicas e emocionais.
A produção e comercialização de produtos formulados à base de noni, no Brasil, continuam proibidas pelas autoridades sanitárias. Isto não impede, no entanto, que os consumidores encontrem polpa, extrato e suplementos à venda na internet – inclusive por alguns importadores brasileiros.
O suco de noni
Com os dados obtidos até hoje, sabe-se apenas que, no longo prazo, o consumo excessivo do suco de noni (mais de 400 ml por dia) pode causar danos nos rins e no fígado. Não existem estudos que justifiquem restrições à ingestão do extrato ou de suplementos alimentares.
Portadores de insuficiência renal ou cardíaca, transplantados e mulheres durante a gravidez e amamentação devem evitar a ingestão. Pessoas sensíveis podem apresentar alguns efeitos secundários leves, de acordo com os defensores do consumo de noni. Os mais observados são:
- arrotos;
- alergias cutâneas;
- flatulência;
- náuseas;
- diarreias.
Apesar de proibida, a Morinda citrifolia já pode ser encontrada em quintais e pomares brasileiros. As frutas da árvore estão se tornando populares especialmente na região Nordeste, onde são inclusive comercializadas em feiras livres. O preço, no entanto, ainda contraindica o consumo.
A receita do suco de noni
O preparo do suco de noni é simples. Corte duas frutas maduras (ou o equivalente em polpa congelada), corte em rodelas e bata (no modo pulsar) no liquidificador com 500 ml de suco concentrado de uva ou goiaba. Os nonis maduros podem ser identificados pela aparência amarelada e pela consistência mole e grudenta.
Coe a mistura e volte a bater no liquidificador, com mais 500 ml do mesmo suco, desta vez em velocidade média. O suco de noni pode ser mantido na geladeira por até cinco dias, sem perder as propriedades nutricionais.