De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), além de ser o mais prevalente, o câncer de mama é também o mais letal. A cada ano, são registrados 580 mil novos casos de neoplasias no país, e 10% destas são tumores nas mamas.
O câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos, mas, a partir desta idade, o número de casos cresce exponencialmente. Vale lembrar que este tipo de tumor ocorre também entre os homens, que também apresentam tecido mamário (nodos, nódulos e dutos), mas em número consideravelmente mais baixo (menos de 1% do total de casos).
A prevalência do câncer de mama é maior:
- entre as mulheres com 50 anos ou mais;
- entre as mulheres com histórico familiar da doença (especialmente mãe e avós);
- entre as mulheres que tiveram a menarca (primeira menstruação) antes dos 12 anos de idade;
- entre as obesas;
- entre as mulheres que não tiveram filhos.
Os tipos de tumores mamários
Nem todos os tumores mamários são malignos. O câncer de mama, como todas as neoplasias, consiste na multiplicação acelerada e desorganizada das células, que se tornam agressivas e incontroláveis, podendo migrar para outras áreas do corpo (as chamadas metástases). Esta forma de câncer pode se apresentar como:
• carcinoma ductal in situ – também conhecido como carcinoma intraductal, este tumor é considerado não invasivo ou pré-invasivo, mas pode ser o início de um câncer mais agressivo. As células cancerosas não se espalham através dos dutos mamários próximos.
Cerca de 20% dos casos diagnosticados pertencem a este tipo, curável na imensa maioria das mulheres afetadas. Na maioria dos casos, as mulheres são submetidas à cirurgia conservadora da mama (seguida de radioterapia) ou à mastectomia. A retirada dos linfonodos nem sempre é necessária;
• carcinoma lobular in situ – nestes casos, as células cancerosas se desenvolvem nos lobos das glândulas produtoras de leite, mas não se espalham pelas paredes dos lobos. Esta forma não é considerada um pré-câncer, nem requer nenhum tratamento específico, mas os sinais devem ser acompanhados com mamografias anuais e exames clínicos periódicos.
As mulheres afetadas podem ser aconselhadas a tomar medicamentos (como tamoxifeno ou raloxifeno, que são moduladores seletivos dos receptores de estrógeno), como preventivos do câncer de mama. A redução do peso e a prática de exercícios físicos também são indicadas para tratar o carcinoma lobular in situ, que corresponde a 10% dos casos;
• carcinoma ductal invasivo – os tumores têm início nos lobos, as glândulas produtoras de leite. De caráter extremamente infiltrante, o carcinoma ductal invasivo, que responde por 10% dos casos diagnosticados, rompe as paredes dos dutos mamários a cresce no tecido adiposo das mamas. A partir deste momento, o câncer pode gerar metástases, especialmente nos sistemas circulatório e linfático;
• carcinoma lobular invasivo – também responde por 10% dos casos e começa nos dutos mamários. O carcinoma lobular invasivo é caracterizado pela formação de metástases mais distantes, especialmente nos órgãos abdominais. Este tipo de câncer é mais difícil de ser detectado pela mamografia, especialmente no início da doença.
Outras formas menos comuns são:
• câncer de mama inflamatório (menos de 3% do total) – é caracterizado pelo inchaço e vermelhidão da pele das mamas, que pode adquirir aspecto de casca de laranja. A temperatura local aumenta e os nódulos inicialmente não são sensíveis ao toque;
• câncer de mama triplo negativo (1% do total) – nestes casos, as células afetadas não são receptoras de hormônios sexuais (estrógeno e progesterona). Este tipo de câncer tende a se espalhar mais rapidamente e quase todas as mulheres portadoras precisam se submeter à quimioterapia, para se prevenir contra recidivas;
• doença de Paget (1% do total) – tem início dos dutos mamários e se espalha pelos mamilos e aréolas. Frequentemente, a doença de Paget causa irritação local, descamação, prurido e vermelhidão. A doença é comumente associada ao carcinoma ductal ou lobular, diagnosticado em outros tecidos das mamas;
• tumor filoide (menos de 1% do total) – desenvolve-se no estroma (tecido conjuntivo) das mamas, em contraste aos demais tipos de carcinomas de mamas, que se desenvolvem nos dutos ou lobos. O tumor filoide quase sempre apresenta caráter benigno, mas pode requerer cirurgia e, em caso de metástases, quimioterapia.
Além destes, existem alguns subtipos de carcinomas invasivos: carcinoma cístico adenoide, carcinoma metaplásico, carcinoma medular, carcinoma mucinoso, carcinoma papilífero, carcinoma misto e carcinoma tubular.
Os sinais do câncer de mama
O diagnóstico precoce é fundamental para deter o impacto do câncer de mama e os efeitos colaterais da doença. A neoplasia é a principal responsável por mortes de mulheres no mundo, com mais de 500 mil casos letais por ano.
Apesar de ser considerado um câncer de bom prognóstico, se diagnosticado e tratado de forma adequada, as taxas de mortalidade no Brasil ainda são muito elevadas, em função do diagnóstico geralmente ocorrer em estágios avançados. Por isto, é muito importante estar atenta aos sinais.
A maioria das pessoas tende a ignorar os sinais emitidos pelo corpo. Certamente, nem todos os sintomas são preocupantes, mas é importante observá-los, porque eles podem indicar o desenvolvimento de doenças mais ou menos graves.
• Perda de peso sem motivo aparente. Apesar de ser uma meta para a maioria das mulheres, que sempre querem manter o peso ideal, a perda repentina de cinco quilos ou mais é um motivo de preocupação, já que este fato é um dos primeiros sinais do câncer de mama.
• Sangramentos anormais. Na maioria dos casos, o câncer de mama está relacionado a distúrbios hormonais. Por isto, a perda de sangue (hemorragias vaginais) fora do período menstrual é um sinal de que está na hora de consultar um médico.
• Cansaço. A fadiga é normal no final do dia, ou quando sofremos um abalo emocional. O risco, no entanto, começa a existir quando o cansaço se torna crônico, alia-se a etapas de irritação e não cede depois de um período adequado de repouso.
• Surgimento de nódulos. A maioria dos nódulos (caroços) é benigna, determinada por infecções, cistos e pelas alterações hormonais por que toda mulher passa durante a ovulação e menstruação.
• Alterações na pele. Diferenças surgidas na pele das mamas podem alertar sobre um câncer de mama. Verifique a presença de vermelhidão, pruridos, irritações, feridas, mudanças de coloração e o aspecto de casca de laranja (mais comum na parte inferior dos seios).
• Aumento ou diminuição das mamas. Praticamente todas as mulheres apresentam diferenças entre as mamas, mas quando surge um aumento ou redução indica a presença de uma inflamação, que não pode ser negligenciada. Irregularidades no contorno, forma ou textura das mamas, assim como o surgimento de pequenos orifícios são evidências de problemas mais ou menos sérios.
• Retração dos mamilos. É um dos principais sinais do câncer de mama. Qualquer alteração dos mamilos é motivo para uma consulta médica.
O autoexame
Em primeiro lugar, é preciso informar que 80% dos nódulos mamários, mesmo quando acompanhados por secreções, são benignos e desaparecem sem necessidade de tratamento. Apenas uma pequena percentagem está associada ao câncer de mama.
O autoexame deve fazer parte da rotina das mulheres. Ele pode ser feito no chuveiro ou na cama. Coloque a mão direita atrás da cabeça e deslize os três dedos centrais da mão esquerda, em movimentos circulares suaves, por toda a mama esquerda. Repita o movimento para examinar a mama direita.
Diante do espelho, com os braços ao longo do corpo, inspecione as mamas. Em seguida, coloque as mãos na nuca e observe possíveis alterações nas mamas, aréolas e mamilos. Repita a operação com as mãos pressionando a cintura. Por fim, esprema os mamilos e verifique se alguma secreção é eliminada.
Importante: alterações na pele das mamas, presença de nódulos ou espessamentos e secreções mamárias não indicam necessariamente a presença de um tumor maligno. Seja como for, qualquer tipo de anomalia deve ser avaliada por um mastologista.