A cenoura (Daucus carota) faz parte da relação de alimentos funcionais: além de fornecer nutrientes, ela também combate uma série de doenças, tais como úlceras gástricas e duodenais, reumatismo e arteriosclerose, doença degenerativa das artérias produzida por hipertensão arterial de longo curso.
Estas raízes são extremamente versáteis, podendo ser consumidas in natura, cozidas, em saladas, sucos, vitaminas, sopas e refogados. A rama da cenoura (composta por folhas miúdas) pode substituir o cheiro verde (salsa e cebolinha) no preparo de diferentes alimentos. A origem do nome é indo-europeia: o radical “ker” significa “chifre”.
O valor nutricional da cenoura
Cem gramas de cenoura fornecem:
• 51 quilocalorias;
• 1,5 gramas de proteínas;
• 0,3 grama de gorduras;
• 14.500 U.I. de pró-vitamina A;
• 5 miligramas de vitamina K;
• 30 microgramas de vitamina B2 (riboflavina);
• 0,3 miligrama de vitamina B3 (niacina);
• 27 miligramas de vitamina C (ácido ascórbico);
• 290 miligramas de potássio;
• 100 miligramas de sódio;
• 45 miligramas de cálcio;
• 40 miligramas de fósforo;
• 22 miligramas de enxofre;
• 6 miligramas de manganês;
• 5 miligramas de cloro;
• 4 miligramas de magnésio;
• 2 miligramas de silício;
• 1 miligrama de ferro.
As características da cenoura
A planta é tuberosa, alaranjada, com textura lenhosa e comestível. A cenoura é fonte de fibras, antioxidantes, sais minerais e betacaroteno, substância que confere a cor característica do vegetal e atua como pró-vitamina A (substância que dá origem à vitamina A em um organismo vivo).
Uma curiosidade: a cenoura alaranjada, como a conhecemos atualmente, era desconhecida pelos povos europeus antigos. O vegetal laranja foi criado em homenagem ao príncipe Guilherme I de Orange, o grande herói da independência holandesa, no século XVI. Antes disto, havia variedades amarelas, brancas e roxas. “Orange”, em francês, inglês e holandês, significa “laranja”.
Com relação ao manuseio, não se deve descascar a cenoura, uma vez que parte mais nutritiva encontra-se perto da superfície. O preparo correto é apenas lavar e raspar, mas cenouras de boa origem, como as encontradas em lojas de alimentos orgânicos, podem ser apenas lavadas, para eliminar a terra e outras impurezas.
As maiores cenouras do mundo, algumas com mais de 50 centímetros de comprimento, são colhidas em Ohakune, na Nova Zelândia. Como regra geral para a compra, as maiores raízes apresentam sabor mais doce.
Vitamina A
A vitamina A da cenoura ajuda o desempenho dos receptores da retina, melhorando a visão. Este nutriente também fortalece a saúde da pele e das mucosas, reduzindo os riscos de infecções e inflamações; é fundamental para o crescimento, desenvolvimento e manutenção do tecido epitelial e as membranas mucosas.
Os retinoides sistêmicos presentes na vitamina A da cenoura corrigem a acne cística severa e distúrbios da queratinização (a queratina é o principal componente das unhas e cabelos). Estas substâncias aumentam a síntese do colágeno e impedem a degradação desta substância.
O consumo regular (uma cenoura média por dia, ou cem gramas do vegetal) garante a ingestão de antioxidantes lipossolúveis, neutralizando os radicais livres ao se combinar diretamente com eles. Esta transformação química aumenta a eficiência do sistema imunológico.
O alfacaroteno, betacaroteno e luteína presentes na cenoura combatem o colesterol ruim (LDL). Estes antioxidantes fortalecem o músculo cardíaco, reduzindo os riscos de infarto do miocárdio, e regularizam a frequência vascular e cardiorrespiratória.
Dentes saudáveis
A ingestão de cenouras favorece a saúde da boca em geral. Comido cru, o vegetal higieniza as superfícies dos dentes, elimina partículas de alimentos, combate a placa bacteriana e ajuda a manter os dentes e as gengivas limpos.
O consumo de cenoura estimula a produção das glândulas salivares. Por ser alcalina, esta secreção equilibra a acidez da cavidade bucal, reduz a população de bactérias e, desta forma, previne contra cáries dentárias, mau hálito e outros problemas orais.
A vitamina C presente na cenoura, um poderoso antioxidante hidrossolúvel, preserva a saúde dos dentes, gengivas e tecido conjuntivo. As mesmas propriedades estão presentes nas cenouras cozidas, grelhadas e assadas, mas em forma mais discreta.
Cenoura, um aliado para o fígado
O consumo regular de cenoura fortalece as atividades do fígado, a maior glândula dos seres humanos. O órgão chega a pesar 1,5 quilos em um homem adulto. Em crianças, o fígado é proporcionalmente maior, atingindo 1/20 do peso de um recém-nascido.
O fígado é responsável pela produção da bílis (substância que emulsifica as gorduras ingeridas), pela síntese do colesterol, pela conversão de amônia em ureia, pela destruição das hemácias simples, pela desintoxicação do organismo, pela estocagem das vitaminas A, B12, D, E e K, pelo armazenamento de eletrólitos e pela reciclagem de diversos hormônios.
Mais uma vez, a vitamina A da cenoura entra em cena, reduzindo os depósitos de bílis e de gordura no órgão, que é purificado em função da boa quantidade de fibras solúveis presentes no vegetal. A cenoura também fortalece o cólon (uma das últimas porções dos intestinos), facilitando a eliminação de resíduos e toxinas.
Comer cenouras é uma boa maneira para controlar infecções e inflamações no fígado. Estas irregularidades e disfunções podem acarretar uma série de doenças, tais como hepatite, cirrose hepática e colestase (a redução ou interrupção do fluxo da bílis, com sérios prejuízos para a digestão).
A digestão
Este vegetal crocante, facilmente aceito pelas crianças, fornece boa quantidade de fibras solúveis em água e em lipídios, reduzindo a absorção de gorduras saturadas, como as presentes especialmente nas carnes vermelhas.
O consumo de cenouras ajuda a manter a saúde do aparelho digestório, da boca ao reto. A raiz regulariza o trânsito intestinal e as fibras colaboram para os movimentos peristálticos que empurram os alimentos e também para a produção dos sucos gástricos.
A cenoura é útil também para manter o movimento dos intestinos em ordem, evitar prisões de ventre, impedir o refluxo esofágico e proteger o estômago e o cólon de diversas doenças, inclusive de alguns tipos de câncer.
Proteção contra o AVC
O acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame, por ser severamente debilitante, de consequências bastante danosas. Em 25% dos casos, o AVC causa a morte. A enfermidade consiste no entupimento das artérias que irrigam o sistema nervoso (AVC isquêmico) ou no rompimento no interior do cérebro (AVC hemorrágico).
Um estudo da Universidade Harvard (Cambridge, Massachusetts, EUA) demonstrou que o betacaroteno fornecido pela cenoura reduz o risco de AVC em até 68%, desde que a raiz seja consumida regularmente (ao menos cinco vezes por semana), acompanhada por outros alimentos saudáveis.
Em benefício dos diabéticos
Apesar de a cenoura ser considerada um alimento de índice glicêmico relativamente alto, o açúcar presente nestas raízes é absorvido lentamente pelo organismo, impedindo os picos de glicose prejudiciais aos portadores de diabetes.
Os carotenoides e alguns elementos vitais alcalinos ajudam a controlar as taxas de açúcar na circulação sanguínea. As mesmas substâncias são responsáveis por afetar positivamente a resistência à insulina, permitindo a entrada adequada de glicose nas células, onde, combinada com gás oxigênio, produz a energia orgânica.