As moscas são insetos pertencentes à ordem Diptera (em grego: “duas asas”; elas são parentes próximas dos mosquitos). Já existem mais de 150 espécies descritas, mas é provável que nem metade delas já tenha sido catalogada. É possível concluir, com isto, que é muito difícil acabar com elas, mas, como algumas dicas é possível pelo menos mantê-las afastadas.
Em um ecossistema, as moscas exercem uma diversidade de funções. As mais conhecidas pelos brasileiros – a varejeira e a doméstica – são decompositoras: as fêmeas colocam ovos em material orgânico em decomposição (carcaças e fezes de animais, por exemplo) e as larvas, quando eclodem, alimentam-se desse substrato. Pode-se dizer que elas são um tipo de “faxineiras da natureza”.
Outras moscas polinizam plantas e controlam pragas (inclusive de outras espécies e também de fungos). Portanto, não é uma boa ideia enxotá-las de jardins e hortas (se o adubo escolhido for orgânico, aliás, será uma “missão impossível”).
Algumas são simplesmente parasitas, enquanto outras são importantes nas perícias policiais e na medicina forense: a presença delas (animais adultos ou em estado larval) ajuda a determinar o tempo decorrente da morte de uma vítima de acidente ou homicídio, por exemplo.
Como acabar com as moscas
Esta introdução serve apenas para lembrar que as moscas, “nós também somos do mato, como o pato e o leão”, como cantou Gilberto Gil em “Refazenda”. Em outras palavras, todos os seres vivos têm certa importância na nossa biosfera.
Mesmo assim, é muito chato conviver com moscas em uma varanda, ou mesmo na cozinha (elas têm predileção por sobrevoar bandejas de frutas e alimentos descobertos). E, apesar de exercerem funções positivas, elas podem ser nocivas em nossa casa, pousando em excrementos para, logo em seguida, transportar detritos para nossa despensa e mesmo para nossa pele. É preciso tomar providências para afastá-las.
Algumas dicas
Em primeiro lugar, o extermínio total não é possível. Apesar de serem insetos silvestres, as moscas (assim como os ratos, baratas, pombas, etc.) se adaptaram muito bem aos ambientes construídos pelo homem, espaços quentes (o que facilita a reprodução) e ricos em alimentos (que podem ser restos deixados em uma lixeira displicentemente destampada).
A primeira providência é remover os chamarizes. A limpeza das casas, com especial atenção para as cozinhas, deve ser redobrada. Algumas dicas simples podem manter as intrusas a alguma distância:
• todos os alimentos devem permanecer guardados em armários e refrigerados. Sobre a mesa de jantar, eles devem ficar apenas nos momentos das refeições. Algumas vezes, não é possível resistir à tentação de manter uma fruta ou um bolo cheiroso e fofinho à mostra, mas, nestes casos, eles devem ser protegidos por telas;
• restos de alimentos (e também do seu preparo, como cascas e sementes) devem ser imediatamente descartados em lixeiras. Naqueles momentos propícios a um lanchinho no sofá, sanduíches e outras guloseimas devem ser aparados em um pires ou prato de sobremesa, para evitar o acúmulo de migalhas em tapetes e sofás;
• controle as compras de perecíveis. Verifique as reais necessidades da família antes de se dirigir ao supermercado ou às feiras livres. Frutas, legumes, verduras, pães e biscoitos se deterioram com facilidade e são um atrativo para as moscas. Além disto, desperdiçar alimentos não é uma atitude sustentável;
• lave as garrafas imediatamente depois de consumir as bebidas e guarde as retornáveis com o gargalo voltado para baixo. Descarte cervejas e refrigerantes e abertos e não consumíveis imediatamente: eles perdem o gás, tornam-se intragáveis e atraem insetos (inclusive mosquitos). Não, o truque de introduzir o cabo de um talher no gargalo não é capaz de manter as bebidas gaseificadas;
• é cada vez maior o número de residências que adota o uso de compostagem de rejeitos orgânicos, para reduzir o lixo (que, em muitas localidades brasileiras, ainda é descartado a céu aberto, tornando-se fator de doenças e contaminações do solo e da água). Se este for o caso, mantenha os baldes ou tanques de compostagem cobertos durante o período do cozimento. Do contrário, eles se tornam verdadeiros berçários para larvas de moscas;
• 52 milhões das residências brasileiras mantêm cães como animais de estimação. No caso dos gatos, o número é menor: apenas 22 milhões de bichanos dividem o local de moradia com humanos. Nestes casos, os cuidados são óbvios. Mantenha as tigelas de ração sempre limpas (observe a quantidade de alimento que o animal ingere e os horários prediletos), troque a água com regularidade, especialmente nos dias quentes e recolha os dejetos imediatamente;
• ainda no quesito “pets”: elogie seu cão ou gato sempre que ele caçar moscas e mosquitos (eventualmente, eles também caçarão passarinhos e borboletas). As duas espécies exercem um papel imprescindível no controle das populações de pestes e parasitas.
Mais dicas no combate as moscas
• As moscas preferem ambientes claros e ensolarados. São locais excelentes para os voos nupciais (as estratégias de acasalamento) e para a busca por alimentos. Por isto, mantenha os cômodos menos utilizados pela família na penumbra, com o uso de cortinas ou vidros escurecidos. Caso isto não seja possível, a instalação de telas na janela deve ser estudada.
• Nos ambientes com iluminação atenuada, uma boa dica é criar escapes para as moscas. Uma fonte de luz estrategicamente posicionada junto a uma janela ou porta fará com que os insetos “sigam a caminho da luz” e deixem os humanos em paz.
Alguns truques
Apesar de um velho ditado afirmar que “não se caça moscas com vinagre”, mas os vinagre de maçã e de malte são exceções. Aqueça um pouco deste ingrediente em uma panela e posicione o utensílio no centro da sala: isto garantirá uma rápida saída dos insetos. Tenha o cuidado, no entanto, de não ferver totalmente o vinagre, pois ele se oxida e passa a exalar mau odor.
Caso o número de insetos seja muito grande, é possível armar uma arapuca. Encha a metade de uma garrafa pet de dois litros com vinagre de maçã e, na parte superior, faça furos grandes o suficiente para que as moscas possam entrar. Felizmente, para nós, eles não detêm inteligência para escapar e morrem em pouco tempo.
Limões cortados ao meio, espetados com pauzinhos de cravo-da-índia, afastam moscas e mosquitos. Uma dica: a mesma combinação elimina maus odores na geladeira e neutraliza o cheiro do cigarro.
Álcool, água e folhas de arruda também podem ser uteis. Misture no liquidificador, por um minuto, um litro de água, 250 ml de álcool e 100 gramas de arruda. Coe a mistura e deixe-a armazenada em um borrifador. Aplique preferencialmente durante o entardecer. Este inseticida também pode ser aplicado em pisos e pias para afastar formigas.
Prepare sachês (que devem ser mantidos sempre abertos) com folhas de louro, eucalipto e manjericão. Instale-os em locais altos, como estantes e guarda-roupas e as moscas fugirão da sua casa. As folhas de eucalipto e manjericão podem ser substituídas por algumas gotas dos óleos essenciais destes vegetais.
Para acabar com as moscas, você pode produzir um inseticida natural, o piretro, feito com flores secas de crisântemos. Basta deixar o buquê murchar, secar e pulverizar as pétalas e corolas, salpicando o pó nos locais prediletos pelos insetos. Aparentemente, o cheiro das flores, imperceptível para nosso olfato, é insuportável para elas.
Nos pisos frios, uma excelente solução é higienizá-los com um pano umedecido em água e água sanitária (ou água e vinagre branco): trata-se de mais um cheiro insuportável para as moscas. A providência pode ser realizada diariamente, com frequência maior nos banheiros, cozinhas e lavanderias. Ao redor das lixeiras, pulverize água sanitária pura para acabar com as moscas, mas tome cuidado com as manchas nas roupas.