Um é magro, alto e careca. O outro é baixinho, cabeludo e gorducho. O primeiro é o cará, parente próximo da batata-doce; o segundo, o inhame. Em comum, os dois tubérculos são ricos em nutrientes e precisam ser incluídos na dieta da família.
O inhame (Dioscorea spp.) pertence à família das dioscoreáceas e é o nome de nove gêneros e 850 espécies diferentes, muito consumidas no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. O cará é uma espécie do gênero Araceae e apresenta formato arredondado, com muitas fibras (daí o aspecto peludo) , bem diferente da forma alongada do seu “primo”.
Tanto o inhame como o cará são boas fontes de carboidratos, assim como a batata inglesa, preferida entre os consumidores do Sul e Sudeste. A ingestão é recomendada pelos nutricionistas, mas com moderação: os dois tubérculos são muito calóricos, não sendo indicados para quem pretende emagrecer.
Vegetarianos
O cará e o inhame são indicados para pessoas que eliminaram a carne das suas refeições. Estes vegetais possuem alta concentração de ferro e protegem contra a anemia ferropriva, bastante comum entre os vegetarianos.
O ideal é consumir o inhame e o cará em sopas e saladas, com outros vegetais, especialmente as folhas verde-escuro, como espinafre, brócolis e couve, que também fornecem uma boa dose de proteínas – cuja principal fonte é a carne (principalmente a bovina).
Veja também: Benefícios do inhame para a saúde.
Semelhanças e diferenças
Inhame e cará são dois tubérculos de aparência semelhante, ricos em amido e em vitaminas do complexo B, que otimizam o potencial energético destes vegetais. Ainda entre as semelhanças, inhame e cará são de fácil digestão.
De acordo com a Ayurvédica e a Medicina Tradicional Chinesa, estas raízes atuam para garantir o equilíbrio dos centros energéticos de órgãos abdominais (especialmente baço e rins) e glândulas (especialmente a tireoide e as adrenais).
Por muito tempo, os dois tubérculos foram considerados “de segunda linha”. Há algumas décadas, no entanto, inhame e cará foram redescobertos e atualmente fazem sucesso na gastronomia, combinados com carnes nobres, como o filé mignon e o filé de salmão. Um dos principais produtores, no Brasil, é o Rio Grande do Sul.
Para aumentar a confusão, os nomes das raízes se multiplicam ao infinito. Dependendo da região, o inhame é conhecido como inhame-branco e taioba-de-São-Tomé. O cará recebe o “batismo” de batata-cará, inhame-cará, cará-mimoso, inhame-da-china e inhame selvagem. Estes são apenas os nomes mais comuns.
O inhame
A raiz arredondada, que exibe cores entre o bege e o roxo (com listas mais claras), é rico em proteínas, cálcio, ferro, fósforo, potássio e sódio, vitaminas A, B1, B2 e B3 (niacina) e apresenta ação anti-inflamatória, diurética e mineralizante (aumenta a absorção dos sais minerais presentes dos demais alimentos nas refeições).
O inhame também é um tônico para o sistema imune; alguns estudos sugerem que ele é um protetor natural contra a dengue e, talvez, contra a febre zika e a febre chikungunya. Consumida in natura, a raiz consegue reduzir edemas reumáticos.
Com a cor clara e a consistência viscosa, o inhame pode ser consumido em sopas, refogados e até mesmo em sobremesas (sem alterar o sabor), o tubérculo reforça a consistência de pudins e mousses. Depois de cozida, a polpa não se presta à produção de purês, mas pode ser utilizada (também sem alterar o sabor) na manufatura de sorvetes. Algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas leves ao descascar o inhame, que tende a desaparecer com o tempo.
O cará
Mais conhecido como uma raiz, algumas espécies de cará são aéreas – brotam nas extremidades dos galhos da planta, que é baixa e arredondada. O vegetal, cujas espécies são nativas da América do Sul, China e África Ocidental, pode apresentar polpa branca, creme, rosada ou roxa.
A produção brasileira de cará teve início com a importação, no século XVII, de mudas de Cabo Verde, (então, colônia portuguesa). Depois de cozido ou grelhado, o cará pode ser servido em rodelas (com carnes ou legumes) e também em purês e escondidinhos de carne ou frango.
O cará, cozido e espremido, também pode ser adicionado em sopas e cremes diversos ou empregado na massa de pães e bolos. Em sucos de frutas ou folhas (como a couve e o espinafre), dez a 20 gramas de cará conferem maior consistência cremosa, sem alterar o sabor. O tubérculo é uma excelente fonte energética e possui propriedades funcionais e desintoxicantes.
As propriedades funcionais do cará são semelhantes às do inhame, mas, em adição, o cará favorece as funções depurativas do organismo, auxiliando a eliminar toxinas. O cará também apresenta funções que fortalecem o sistema imune.
O cará é utilizado na indústria farmacêutica na produção de fitoesteroides que aumentam a produção de hormônios sexuais. As mulheres são especialmente beneficiadas, uma vez que o cará contribui para o aumento da produção de progesterona e estrogênio.
O cará aéreo, quase sempre utilizado como planta ornamental (utilizado para cobrir cercas e alambrados), possui as mesmas características nutricionais do cará subterrâneo e pode ser consumido sem contraindicações. A raiz não deve ser utilizada crua, em função do sabor adstringente e ácido, que “trava” na boca.