O cérebro humano é bastante complexo. O peso do órgão equivale a apenas 2% da massa total do corpo, mas recebe quase um quarto de todo o sangue bombeado pelo coração (entre quatro e seis litros – o volume varia de acordo com o peso corporal). Isto tudo porque o cérebro, constituído por milhões de células – os neurônios –, determina o funcionamento de todos os sistemas e tecidos e de todas as atividades orgânicas.
Por isto, é preciso cuidar bem deste órgão. Alguns alimentos ajudam a protegê-lo, enquanto diversas substâncias são danosas a esta engrenagem perfeita, desenvolvida pela natureza ao longo de milhões de anos. Uma dieta saudável, aliás, é benéfica ao organismo como um todo, mas o comandante – o cérebro – precisa estar nas melhores condições.
Com exceção dos casos de trauma, as doenças que afetam o cérebro vagarosa e silenciosamente. Uma das principais preocupações da Medicina moderna é garantir um envelhecimento saudável, já que a população está atingindo idades cada vez mais avançadas. Para isto, é preciso proteger o cérebro – e o corpo todo – desde a infância.
É importante lembrar que todos os óleos vegetais ajudam a proteger o cérebro, mas é importante observar a temperatura de saturação, quando as propriedades terapêuticas se degradam. Uma boa opção é utilizar os óleos crus, no tempero de saladas, assar ou cozer alimentos em fogo médio (até 180°C).
As oleaginosas
Diversas frutas e sementes oleaginosas oferecem benefícios para a saúde, mas muitas pessoas as eliminam do dia a dia, em função do alto teor de gordura. No entanto, é preciso lembrar que o nosso organismo precisa de gordura, substância energética (juntamente com os glicídios).
Nozes, amêndoas, amendoins, avelãs, castanhas, sementes de abóbora e de gergelim são exemplos de oleaginosas. Todas são muito calóricas – e a vantagem disto é o aumento da energia produzida pelo organismo. Também são ricas em vitamina E, potássio e proteína vegetal, nutrientes que retardam o envelhecimento celular, porque combatem os radicais livres.
As nozes são especialmente benéficas para o cérebro. Consumidas sem exagero, elas previnem muitas doenças: demências, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e doenças cardiovasculares. As oleaginosas combatem o mau colesterol (LDL) e, com isto, impedem a formação de trombos, que podem obstruir veias e artérias.
O tomate
Quando conheceram o tomate (natural das Américas Central e do Sul), os europeus passaram muito tempo sem experimentar a fruta. O vermelho, para eles, parecia indicar perigo e pecado. A coloração, no entanto, é devida ao alto teor de licopeno, também presente na goiaba, pimentão, melancia e outros alimentos.
O licopeno é uma substância carotenoide que circula pela corrente sanguínea, combatendo os radicais livres (produzidos naturalmente pelo organismo, resultantes da respiração, atividade física e também ao tabagismo, poluição do ar e estresse). Estes componentes são altamente reativos e podem danificar as células.
O licopeno age para reduzir os estragos. Com isto, fortalece todos os sistemas orgânicos (inclusive o nervoso) e reduz a incidência de demências e AVCs. O tomate também fortalece o músculo cardíaco e previne contra vários tipos de câncer.
O abacate
É outra fruta “acusada” de ser gordurosa – e realmente é (o teor de gorduras ultrapassa os 30%), mas está inocentado pelas mesmas razões indicadas para as oleaginosas. O abacate é natural da América Central, mas está bem adaptado a diversas regiões tropicais.
Rico nas vitaminas A, B1, B2, B3, B5, B6, B9, B12, C, E e K e em potássio, sódio, manganês, zinco, fósforo, ferro, cálcio e cobre, o abacate combate os radicais livres com as suas propriedades antioxidantes, prevenindo contra o envelhecimento precoce e a deterioração do cérebro.
O mirtilo
Este pequeno bago roxo-avermelhado fortalece especialmente a microcirculação sanguínea – a função que permite ao coração bombear sangue rico em gás oxigênio para todas as pequenas áreas do corpo. Isto ocorre porque a fruta é rica em selênio, potássio, cálcio, ferro, manganês e nas vitaminas A, B, C e PP.
O alto poder antioxidante do mirtilo, determinado pelo teor de flavonoides, consegue reparar pequenos danos sofridos pelo cérebro. Estudos com portadores do mal de Alzheimer indicam que o suco da fruta consegue melhorar o desempenho cognitivo, reativando os centros da memória e do aprendizado. Evidentemente, o mirtilo é um coadjuvante neste tratamento.
É importante salientar que, além do mirtilo, todas as frutas vermelhas – morango, amora, framboesa – contribuem para o fortalecimento cognitivo, por contribuírem para a saúde do cérebro. Elas melhoram a memória, a concentração e a comunicação.
A groselha também faz parte deste grupo, mas, no Brasil, é encontrada principalmente em xaropes e doces, com muito açúcar e pouca fruta e, por isto, é melhor evitá-la. Uma ou duas porções destas frutas é suficiente para proteger o cérebro.
Uma boa surpresa
O chocolate é tido como um vilão das dietas de restrição alimentar. Mais uma vez, o vilão não é o alimento, mas o consumo excessivo. Além de aumentar a sensação de bem estar, já está comprovado que alguns bombons podem ser excelentes auxiliares no tratamento da depressão e do estresse.
Em 2011, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins (EUA) descobriram que uma substância presente no chocolate meio amargo (e ausente nos produtos brancos e ao leite), a epicatequina, reduziram o número e a profundidade de lesões em acidentes isquêmicos provocados em cobaias.
A epicatequina ainda está sendo estudada e pode se transformar em princípio ativo de medicamentos para proteger o cérebro. Por enquanto, médicos e nutricionistas recomendam o consumo diário de um pequeno bombom de chocolate meio amargo (45 gramas). Além dos mecanismos de proteção, o cacau também confere felicidade.