Alimentos cancerígenos

“Hoje em dia, tudo causa câncer”. Esta frase se tornou recorrente, dita por muitas pessoas que não acreditam nas pesquisas sobre nutrição – e que, na verdade, não têm força de vontade para mudar os seus hábitos alimentares. Isto, porém não é verdade. Estudos atuais indicam que efetivamente existem muitos alimentos cancerígenos.

Isto não significa, no entanto, que o consumo de refeições preparadas com alguns destes ingredientes necessariamente dispara a multiplicação descontrolada das células (que caracteriza o câncer). Os alimentos cancerígenos favorecem predisposições genéticas para o desenvolvimento de tumores malignos, que carregamos desde que fomos concebidos.

Até os anos 1990, o cigarro era símbolo de status. Competições esportivas e espetáculos artísticos eram patrocinados pela indústria do tabaco. Na publicidade, o cigarro era celebrado com slogans como “ao sucesso”, “o importante é ter charme”, “um raro prazer” e “uma classe a mais” transformavam o tabagismo em símbolo de elegância e sofisticação.

Atualmente, ninguém contesta os males provocados pelas 4.700 substâncias tóxicas presentes no cigarro, associadas a mais de 50 doenças diferentes, inclusive o câncer de pulmão, laringe, traqueia e boca. A ciência evoluiu e hoje os estudiosos sabem muito mais do que sabiam há pouco mais de duas décadas.

Os alimentos mutagênicos

“Bebês gordos são bebês saudáveis”. Esta máxima perdurou ao menos até os anos 1980 – e até hoje muitos casais se preocupam com os filhos magrinhos. O leite materno foi considerado insuficiente para a nutrição entre os anos 1960 e 1970, para felicidade dos fabricantes de leites infantis.

As mães lotavam as mamadeiras com maisena, para garantir bebês gordinhos. Estas crianças atualmente são obesas, já que, desde o nascimento, foram condicionadas a ingerir muito mais do que é necessário para o desenvolvimento.

Alguns alimentos bastante populares possuem fatores mutagênicos. Isto quer dizer que eles podem lesar as células e alteram o material genético, provocando o desenvolvimento anormal de tecidos e órgãos. O crescimento anormal pode levar à formação de tumores.

Parte destes produtos que predispõem ao câncer não fornece nenhum benefício à saúde; portanto, podem ser eliminados do dia a dia sem qualquer problema. Contudo, não é necessário renunciar definitivamente a eles – ao menos pelas pessoas saudáveis. Basta restringir o consumo.

Os embutidos

As carnes processadas estão no topo da lista dos alimentos cancerígenos. Bacon, linguiça, salsicha e até o “natural” peito de peru apresentam problemas quando o consumo diário supera 50 gramas. Os embutidos apresentam alto valor proteico. Portanto, não é necessária nenhuma outra fonte de proteína na refeição em que eles figuram.

O sal e os conservantes presentes nestes alimentos são mais danosos do que o excesso de gordura (que é o fator cancerígeno). O sódio provoca retenção de líquidos e predispõe também ao surgimento de doenças cardiovasculares.

Os embutidos contêm altas doses de nitratos e nitritos. Durante a digestão, ao entrarem em contato com a mucosa gástrica, estas substâncias se transformam em fatores mutagênicos, que favorecem as alterações genéticas. A multiplicação celular desorganizada pode conduzir ao desenvolvimento de tumores, principalmente no trato gastrointestinal.

Refrigerantes

Os refrescantes refrigerantes estão repletos de açúcar e sal (em forma de sódio). Um copo de 200 ml de refrigerante tradicional apresenta até 60 ml de açúcar. Nas versões “light” e “zero”, o teor é menor, mas compensado pelo excesso de sódio, para garantir a manutenção do sabor.

O açúcar é um dos principais responsáveis pelo ganho de peso. O produto refinado é considerado “caloria vazia”: garante uns quilos a mais, sem acrescentar nenhum nutriente para o organismo. O sódio está vinculado à retenção de líquidos, favorecendo a sensação de inchaço.

No quesito “alimentos cancerígenos”, no entanto, os vilões são os adoçantes adicionados aos refrigerantes, associados ao desenvolvimento de cânceres no sistema excretor (rins e bexiga, principalmente). O ciclamato de sódio é bastante utilizado na produção das bebidas “light”.

O sal também contribui para o desenvolvimento de tumores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo máximo diário de dois gramas. Uma ingestão superior a isto – e os brasileiros consomem entre seis e dez gramas por dia – lesa as células gástricas, gerando alterações que podem conduzir à multiplicação celular desordenada.

A substância está proibida na Inglaterra, nos EUA e na Venezuela, mas a indústria brasileira continua usando o ciclamato de sódio em larga escala. A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – restringiu a adição do ciclamato. São “apenas” 40 mg por litro para os líquidos e 56 mg por quilo para alimentos sólidos.

Em tempo: não há estudos conclusivos sobre a possibilidade de adoçantes utilizados para substituir o açúcar serem cancerígenos. Mesmo assim, eles devem ser consumidos sempre com moderação: são produtos criados para pessoas com diabéticos. A população em geral não deve cometer excessos.

Gorduras

Elas são fundamentais para a nutrição humana: fazem parte dos três principais grupos da nossa alimentação, ao lado das proteínas e dos açúcares. As gorduras, em si, não são cancerígenas, mas o consumo exagerado é considerado nocivo.

A comida muito gordurosa é rica em calorias. Por outro lado, ela não agrega grande quantidade de nutrientes às refeições. Este é o principal motivo para que as gorduras entrem na lista dos alimentos cancerígenos.

Estudos indicam que, com 100 gramas de alimento muito gorduroso, são ingeridas mais de 200 calorias. E, como são pobres em nutrientes, a sensação de saciedade demora mais tempo para se instalar. Desta forma, consumimos uma quantidade muito maior. É aí que mora o perigo.

Carnes gordurosas, os embutidos (de novo!), frituras como as deliciosas batatas e mandiocas e chocolates estão entre os “líderes”. O hambúrguer não pode ser considerado um alimento saudável, mas seu teor de gordura é de 24% (quase um quarto do peso). Comparado às batatinhas, porém, ele pode ser considerado “light”: o teor dos aparentemente inocentes palitos amarelos é de 43% do peso.

Em excesso (mais de uma vez por semana, para adultos), estes alimentos estão relacionados à obesidade e todos os seus problemas. Um deles é o fator de risco para câncer de pâncreas, vesícula biliar, rins mama e esôfago. As gorduras alteram a produção de hormônios como a insulina, o estrogênio e do TNF (fator de crescimento tumoral).

No churrasco, quase sempre figuram os cortes mais gordurosos da carne bovina: picanha, maminha, costela, etc. A fumaça do carvão agrega duas substâncias à gordura: o alcatrão e o hidrocarboneto aromático – que, infelizmente, é o responsável pelo aroma agradável da carne exposta diretamente ao fogo. O potencial cancerígeno aumenta bastante.

Matando pragas

Desde que o homem domesticou as primeiras plantas, há mais de seis mil anos, ele briga com as pragas que infestam a agricultura. Uma das pragas lançadas por Deus contra os egípcios, de acordo com o livro bíblico do Êxodo, foi a invasão dos gafanhotos, arrasando a lavoura.

A partir do século XIX, com o avanço da ciência química, surgiram os primeiros defensivos agrícolas. Quando eles atingiram escala industrial, passaram a ser empregados largamente, aumentando sensivelmente a produção agrícola e barateando os alimentos. Porém, ocorreu como diz o ditado: “uma martelada no cravo, outra na ferradura”.

Durante todo o século XX, consumimos legumes, verduras, tubérculos e frutas repletos de agrotóxicos. Todos eles são alimentos extremamente saudáveis, mas os venenos para combater as pragas podem provocar grandes danos à nossa saúde.

Não existe uma forma eficiente para que possamos retirar os agrotóxicos destes alimentos. Em muitas culturas, os conservantes são aplicados nas sementes – e as plantas nascem com os venenos em seus talos, folhas e frutos.

Ainda não existem estudos conclusivos sobre os malefícios dos agrotóxicos para a saúde – com exceção do contato direto com os produtos. O ideal, porém, é ingerir apenas alimentos orgânicos. No entanto, surge outro problema: estes produtos não estão disponíveis em todas as regiões e são bem mais caros do que os vegetais cultivados em larga escala, inacessíveis à maior parte da população brasileira.

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