Obtido a partir das sementes da planta Ricinus communis, o óleo de rícino contém 70% a 77% de triglicerídeos do ácido ricinoleico e também é fonte de ácido linolênico (um tipo de ômega 6) e de ácido oleico (ômega 9). Ao contrário das sementes da própria planta, o óleo de rícino (ou de mamona) não é tóxico, pois a ricina (a substância irritante) não é solúvel no óleo, sendo descartada no processo de produção.
Não se sabe ao certo a origem da mamoeira (a planta que produz a mamona). É possível que ela tenha chegado ao Brasil nos navios negreiros, mas algumas fontes acreditam que ela seja nativa do sudeste da Ásia. O vegetal é bastante comum no país, sendo que Bahia e Ceará concentram as maiores produções.
As folhas da mamoeira também são bastante úteis. Elas têm sido empregadas com eficácia na filtragem de efluentes industriais, para conter a emissão de metais pesados. Secas e pulverizadas, as folhas podem ser utilizadas como filtros por até 18 vezes.
Conhecem-se aplicações medicinais do óleo de rícino desde o Egito antigo, onde ele era usado como laxante. Entre duas e quatro horas da ingestão do óleo, o intestino passa a acumular água e, ao mesmo tempo, o ácido ricinoleico irrita a mucosa, favorecendo o esvaziamento do órgão e eliminando as prisões de ventre.
Em dosagens altas (acima de 30 ml), a substância pode causar diarreias, cólicas e enjoos. Antes de adotar o óleo de rícino, é aconselhável consultar um médico. O produto não deve ser utilizado para substituir os óleos vegetais da culinária (soja, canola, milho, etc.).
O consumo das sementes da mamona também é contraindicado, uma vez que a ricina, que é tóxica, desativa os ribossomos das células. Estas estruturas são responsáveis pela síntese das proteínas. A ingestão de apenas oito sementes pode matar uma pessoa adulta.
Os egípcios usavam o óleo de rícino também para estimular o trabalho de parto e para exterminar piolhos, uma praga comum no país do Oriente.
Os benefícios do óleo de rícino
Na indústria, o óleo de rícino é utilizado na fabricação de colas, vernizes, tintas, plásticos e entra na composição do náilon e de lubrificantes biodegradáveis. A substância é estável tanto em altas quanto em baixas temperaturas e pode ser empregada em compressores e transformadores.
O óleo de rícino também é usado para fabricar sabão. Na indústria cosmética, devido a elevada viscosidade que apresenta, ele é empregado para produtos para alongar cílios e fortalecer cabelos (xampus, condicionadores, etc.).
O óleo também participa da formulação de cremes para pele seca e mista e em soluções para fortalecer as unhas. O rícino promove uma hidratação intensa das cutículas, devido à sua capacidade de criar uma película protetora da pele, impedindo a perda de água para o exterior.
Mais bem hidratadas, as cutículas exercem melhor a função de proteção das unhas, que se tornam mais firmes e menos quebradiças. Aplique o óleo de rícino puro nas unhas, deixando agir por 30 minutos, preferencialmente antes de fazer as unhas em casa ou na manicure.
Fortalecendo as células
Ao ser ingerido, o ácido ricinoleico contido no óleo de rícino é transformado em prostaglandinas, compostos envolvidos na função reprodutiva, na circulação do sangue, na excreção, nas atividades dos músculos lisos e dos neurônios e no combate a inflamações.
As prostaglandinas também atenuam as cólicas menstruais e contribuem para regular o ciclo menstrual. Estes compostos reduzem a progressão de doenças degenerativas graves, como a esclerose múltipla, por exemplo.
O ácido ricinoleico apresenta propriedades antibacterianas, analgésicas e anti-inflamatórias. Compressas tópicas do óleo de rícino auxiliam no alívio de dores nas articulações, inclusive as provocadas por artrites e artroses.
Pele, unhas e cabelos
A ingestão de óleo de rícino ajuda a suavizar a pele seca e irritada. Ele é rapidamente absorvido pelo organismo e estimula a produção natural de colágeno, contribuindo para atenuar rugas, linhas de expressão de estrias. O óleo tem propriedades emolientes e umectantes, que auxiliam na hidratação, elasticidade e maciez da pele.
O óleo de rícino também pode ser utilizado para combater a acne. Ele apresenta efeito adstringente (reduz o total de bactérias, as principais responsáveis pelas espinhas e cravos), ao mesmo tempo em que hidrata a pele lesionada.
A aplicação também pode ser feita para acelerar a cicatrização de feridas na pele, uma vez que o óleo é rico em vitamina E. Estrias recentes (aquelas com aspecto avermelhado) podem ser atenuadas com a aplicação tópica do óleo de rícino, associado a um hidratante. Vale o mesmo para reduzir as irritações decorrentes da exposição excessiva ao sol.
Também pode ser utilizado como óleo de massagem, para relaxamento do corpo e como auxiliar no tratamento de inflamações. No entanto, devido à viscosidade elevada, ele deve ser misturado com óleos vegetais mais leves, como o de uvas ou de amêndoas (na proporção um para um).
Os cabelos são beneficiados com o óleo de rícino. As ações antibacteriana e antifúngica garantidas pelos ômegas 6 e 9 controlam as populações de micro-organismos do couro cabeludo e, com isto, estimula os folículos pilosos e, com isto, o crescimento dos fios.
Contra problemas de quedas e falhas nos cabelos, o óleo de rícino é um potente auxiliar. Ele pode ser aplicado inclusive em regiões com ferimentos, cicatrizes e queimaduras. Recomenda-se diluir o óleo com água ou com o condicionador ou hidratante habitual. Neste último caso, um pote de 200 ml de creme deve ser misturado com uma colher (sopa) de óleo de rícino.
Esfregue suavemente o couro cabeludo com a solução por cinco minutos e deixe agir por outros cinco, enxaguando em seguida. A aplicação pode ser feita em dias alternados. Os resultados não são imediatos: são necessários de dois a três meses de tratamento.
O óleo de rícino pode ser aplicado na barba, sobrancelhas e, diluído, também nos cílios (use uma escovinha de rímel para aplicar). Ainda não existem estudos científicos que comprovem o fortalecimento destes fios, mas há muitos relatos de pessoas que se beneficiaram com a aplicação.
O óleo também pode ser usado para cabelos ressecados, pontas duplas e caspa e coceira no couro cabeludo, uma vez que proporciona uma excelente hidratação. A caspa e a coceira geralmente são provocadas por fungos microscópicos, combatidos pelo rícino. O odor do óleo de rícino, no entanto, é bastante pronunciado. Evite a inalação e utilize-o com moderação.
Em tempo: o óleo de rícino auxilia no crescimento dos cabelos, mas, em casos de alopecia, ele apenas retardará o processo de perda dos fios.
Ao comprar o óleo de rícino, certifique-se de que ele é 100% puro, livre de qualquer outra substância. O óleo empregado na indústria é extraído a quente e pode conter até 5% de impurezas, mas, para consumo humano, é fundamental garantir a pureza.